Lava Jato: Doleiro revela como repassava dinheiro para paraibano

Novas informações reveladas neste domingo (8) pelo Jornal Folha de S. Paulo sobre o desenrolar das investigações da Operação Lava Jato trazem mais detalhes do suposto envolvimento do deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP) no esquema.

Segundo a Folha, o doleiro Alberto Youssef contou em delação que o pagamento de propina – dinheiro desviado da Petrobras – a congressistas do PP provocava brigas e obedecia a uma espécie de tabela de preços proporcional à força política de cada um.

O STF acolheu a abertura de inquérito contra 18 deputados e 3 senadores do PP, sigla campeã em investigados. O paraibano Aguinaldo Ribeiro, que foi ministro das Cidades na primeira gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), é um dos denunciados pela Procuradoria Geral da República.

Segundo o doleiro, líderes do PP recebiam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil por mês, enquanto “demais parlamentares recebiam entre R$ 10 mil e R$ 150 mil conforme sua força política dentro do partido”.

Youssef era o operador do PP na diretoria de Abastecimento, então sob Paulo Roberto Costa. Ele intermediava propina de empreiteiras a Costa. Um percentual ia para o PP.

O esquema foi montado pelo ex-deputado José Janene e se manteve após sua morte, em 2010. Conforme o doleiro, Janene distribuía os recursos no PP, dando as maiores quantias aos líderes Mário Negromonte (BA), ex-ministro e hoje no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia; João Pizolatti (SC) e Pedro Corrêa (PE), ex-deputados; e Nelson Meurer (PR), deputado.

Após a morte de Janene, Negromonte é apontado por Youssef como o novo líder do grupo. A entrega de dinheiro a ele chegou a ser feita em seu apartamento funcional, em Brasília, e em sua casa, em Salvador, disse o doleiro.

Quando o grupo de líderes tomou o comando, passou a sobrar menos dinheiro para os demais, disse Youssef.

Houve então rebelião de um outro grupo, que tomou o comando – formado pelos senadores Ciro Nogueira (PI) e Benedito Lira (AL) e pelos deputados Arthur Lira (AL), Eduardo da Fonte (PE) e Aguinaldo Ribeiro (PB).

O novo grupo decidiu afastar o doleiro. “Os parlamentares informaram que não havia mais confiança na pessoa de Youssef em face aos constantes atrasos nos repasses”, contou Costa sobre reunião com os pepistas.

Segundo a Procuradoria, pagamentos eram feitos em espécie, por transferência bancária, depósitos no exterior ou doações de campanha.

Aguinaldo se defende

Aguinaldo, contudo, disse estar “tranquilo” e afirmou que o processo que inclui o seu nome foi mandado arquivar, assim como os que citavam os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR). “Não tenho nada a temer”, enfatizou o deputado, através de sua assessoria.