Quando decidiu trocar o PT pelo PSD, em 2015, o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, usou como principal argumento a tese de que não poderia ser penalizado por erros de terceiros em escândalos nacionais de corrupção, como o esquema que desviou bilhões de reais dos cofres da Petrobras e levou a legenda petista a amargar uma fragorosa derrota nas urnas em 2016.
Fora do PT, o alcaide conseguiu matar dois coelhos com uma cajadada só: ficou longe dos escândalos que resultaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff e pavimentou seu projeto de reeleição à Prefeitura de João Pessoa.
Passados pouco menos de dois anos da troca de legendas, no entanto, Luciano Cartaxo se vê diante do mesmo dilema vivido lá atrás. A cada dia que passa, mais nomes de pessoas próximas dele são citadas por delatores da operação Lava Jato.
O primeiro grande aliado de Cartaxo a sentir o peso das delações foi o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, acusado por executivos da Odebrecht de ter recebido mais de R$ 20 milhões da empreiteira por meio de caixa 2. Há também o depoimento do empresário Wesley Batista, do grupo JBS, que declarou ter pagado R$ 29,4 milhões em propina para o mandachuva do PSD.
Além de Kassab, outros companheiros de partido de Cartaxo no plano nacional foram pegos com a boca na botija no bojo das investigações da Lava Jato. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), por exemplo, foi acusado de ter recebido R$ 13 milhões da Odebrecht via caixa 2. Já o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), foi denunciado pelo ex-diretor de relações do grupo JBS, Ricardo Saud, de ter embolsado R$ 10 milhões durante a campanha de 2014.
No plano estadual, a operação Lava Jato também ronda aliados do prefeito de João Pessoa. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) foi delatado pelo ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis, como beneficiário de R$ 800 mil na campanha de 2014, através de caixa 2. A revelação levou o ministro Edson Fachin a abrir inquérito contra o tucano no Supremo Tribunal Federal. Cássio também recebeu repasses do grupo JBS: R$ 635 mil.
Outro aliado de Cartaxo que recebeu dinheiro do grupo JBS foi o senador José Maranhão (PMDB). Eleito em 2014, o peemedebista embolsou 600 mil da empresa comanda pelo delator Wesley Batista. Há ainda o vice-prefeito Manoel Júnior (PMDB) e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), que estão na mira dos investigadores desde o início do ano passado.
Para aproximar ainda mais Luciano Cartaxo da Lava Jato, nesta segunda-feira (22), a imprensa divulgou a informação de que o irmão do prefeito, Lucélio Cartaxo, também filiado ao PSD, recebeu uma doação de R$ 45.800 do grupo JBS na campanha eleitoral de 2014, quando disputou o mandato de senador.
A notícia caiu como uma bomba no meio político paraibano e logo levantou a tese de que trocar de partido não foi suficiente para afastar o prefeito de João Pessoa de escândalos. Ou seja, mesmo fora do PT, a Lava Jato insiste em rondar Luciano Cartaxo.
Rápidas & Diretas
– Assessores revelaram ao blog que o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo está pensando seriamente em trocar do PMDB pelo PSB.
– Veneziano alimenta a esperança de ser o escolhido pelo governador Ricardo Coutinho para disputar o Governo do Estado pelo PSB, em 2018.
– Quem também quer disputar a eleição para o Palácio da Redenção é o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB).
– Ao blog, assessores de Romero disseram que, se Cássio não topar disputar o Governo, o atual prefeito de Campina Grande não abrirá nem para o trem.
– O PSB de Bayeux pode sofrer intervenção da direção estadual a qualquer momento. Dirigentes andam insatisfeitos com a postura dos vereadores socialistas.
– Eleita para fazer oposição, a bancada do PSB de Bayeux estaria de mala e cuia dentro da gestão do prefeito Berg Lima (PTN-Podemos).
– Nos próximos dias, a Polícia Federal deverá anunciar novidades em relação ao inquérito sobre o suposto desvio de recursos da reforma da Lagoa.
– Servidores da Controladoria Geral da União (CGU) na Paraíba não têm dúvidas de que a auditoria realizada pelo órgão na obra da Lagoa será corroborada pela PF.
– Dirigentes petistas estão entusiasmados com a pré-candidata do deputado Luiz Couto ao Senado Federal em 2018.
– Os petistas apostam na chapa Ricardo Coutinho-Luiz Couto para o Senado. “Se Luiz colar em Ricardo, será senador”, disse ao blog um graduado dirigente do PT.
– Pelo menos dois vereadores que aderiram ao esquema do prefeito Luciano Cartaxo estariam pavimentando retorno à bancada de oposição.
A pergunta que não quer calar…
Qual político paraibano terá coragem de continuar ao lado Temer se o STF decidir dar sequência ao inquérito contra o presidente?