Julian Lemos fala sobre Bebianno, comenta ações de Bolsonaro e cita único nome ‘que escapa’ no Planalto

"Hoje ele é instituição da Presidência, ele não é deputado nem cidadão, é simplesmente o maior líder da América Latina", afirmou o parlamentar em entrevista ao Paraíba Já

Pandemia do novo coronavírus, apoio a atos antidemocráticos, flertes com o autoritarismo e com a instauração de uma intervenção militar, interferência na Polícia Federal, caso das rachadinhas de Flávio Bolsonaro, disparo em massa de fake news durante as eleições 2018, inquérito das fake news, são muitos os casos polêmicos em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está envolvido, em apenas um ano e meio de mandato.

Antes de alguns casos acontecerem quem já vinha se distanciando do Palácio do Planalto era o deputado federal paraibano Julian Lemos (PSL). No último final de semana, o parlamentar publicou um vídeo cheio de simbologias e recados direto para o entorno do presidente. O portal Paraíba Já conversou com o deputado para entender como anda a relação dele com o grupo de Jair e sua leitura dos últimos acontecimentos em Brasília.

“Nunca tive problema nenhum com Bolsonaro, quero deixar claro, tudo foi por causa de péssimas influências e interferências alheias. Sempre fui um cara moderado, e isso me fazia estar próximo a Jair, gostar e lidar com ele, sem extremismos”, comenta inicialmente Julian.

O deputado reitera que Bebianno era o maior nome de confiança do presidente. “Quando falo dele, falo no sentido real de lealdade. E vi como Bebianno foi humilhado, pisoteado injustamente, ele foi escorraçado. Ele pagou custas processuais do presidente”, detalha.

O deputado paraibano cita o caso de um áudio vazado onde Bolsonaro comenta com Onyx Lorenzoni (DEM), atual ministro da Cidadania, que se tivesse que pagar a Bebianno as custas processuais que o advogado bancou teria que, no mínimo, vender uma casa.

Tem que agir como presidente

Para Julian, em síntese, o presidente precisa fazer uma única coisa: Jair Bolsonaro precisa agir como presidente da República, como o maior líder político da América Latina.

Bolsonaro age na conduta pregada pelo astrólogo e guru do atual governo Olavo de Carvalho, conhecida como “plays never defense”. Nesta tática, o indivíduo nunca deve se desculpar, agir de forma defensiva ou recuar no discurso, mas sim sempre atacar e ofender cada vez mais.

“Com certeza se Bebianno tivesse e outros, até eu, o presidente não estaria falando da forma que fala ali na frente do Palácio. Ele sempre fica exposto, não é ele falando, é ele sendo exposto. Hoje ele é instituição da Presidência, ele não é um deputado, não é um cidadão, é simplesmente o maior líder da América Latina, não é pouca coisa, requer muita responsabilidade”, afirmou Lemos.

Time do presidente: só um escapa

O grupo em torno do presidente mudou bastante desde o início do governo Bolsonaro. Seja os que ocupavam o fronte, ou seu time técnico – como os ministros e secretários especiais. Hoje, Jair tem nomes como Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto (envolvidos no escândalo do mensalão), o advogado Frederick Wassef, e deputados como Bia Kicis, Carla Zambelli, Daniel Silveira, Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro, Geraldo Junio do Amaral e Luiz Phillipe Orleans e Bragança (todos envolvidos nas investigações sobre fake news).

Dos onze homens do núcleo duro do início da gestão, somente dois atuam fortemente junto a Bolsonaro, são Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni. Os três filhos, que também são apontados como integrantes por artigo da Veja, mais atrapalham que auxiliam a imagem do presidente. Outros nomes como Sergio Moro, sequer integram a equipe e romperam laços de forma drástica, se tornando oposição ao governo.

Para Julian, somente um nome da equipe que circunda Bolsonaro atualmente é que se mostra um nome decente. Questionado pela reportagem sobre quem ele aponta como alguém eficaz e que pode fazer um bom trabalho, o parlamentar foi direto: “General Heleno escapa. É o único”.