“Julho é um bom mês para se morrer” será lançado neste sábado em João Pessoa

Julho é um bom mês pra morrer (1)As ditas situações-limite nos forçam a tomar posições menos calculadas e expor nossos pensamentos de maneira mais clara. Com claro interesse nisso, o escritor Roberto Menezes elaborou seu quarto romance, Julho É Um Bom Mês Pra Morrer (Patuá, 215 páginas, R$ 38), que conta a história de uma blogueira de trinta e cinco anos e sua relação familiar conturbada. O lançamento acontece amanhã no Café Empório, a partir das 17h, e conta com a apresentação dos escritores João Matias, Maria Valéria Rezende e Joana Belarmino.

Na ocasião, o autor aproveita para incentivar o projeto Leitura Livre, da Porta do Sol – Projetos Culturais, uma organização sem fins lucrativos que busca criar condições de acesso ao livro e à leitura. Quem quiser contribuir com a ação, basta levar um livro para ser doado, que será repassado para o público de baixa renda de bairros periféricos de João Pessoa. Além do ponto de doação criado especialmente no dia do lançamento, há postos no Doçura Café, próximo à Praça da Paz, nos Bancários, e no Espaço Mundo, na Praça Antenor Navarro.

Em termos de narrativa, Julho É Um Bom Mês Pra Morrer dispensa linearidade, pincelando os espaços de tempo ao sabor das memórias de Laura, jornalista formada desempregada que se vê sem saída ao ser obrigada a sair de seu apartamento após uma sentença judicial sem direito a recursos, pois o prédio em que mora seria demolido.

Assim como a personagem Nara, da novela Fogo Sobre Terra, de Janete Clair, insiste em ficar na cidade de Divineia, que está prestes a ser submersa pelas águas de uma barragem, Laura decide permanecer enclausurada em sua casa, aceitando as consequências dessa decisão e aguardando sua sentença auto-imposta. Estabelecida a situação-limite, ela decide escrever uma carta à mãe – que soa mais como um desabafo –, figura enigmática que não vê desde a infância.

“Eu quis escrever um livro de memória escrito às pressas. Como se ela tivesse no corredor da morte e esta situação-limite a forçasse a rever momentos chaves de sua vida”, explica Roberto Menezes. Somos então transportados para a virada do milênio, conhecemos a relação conturbada com a irmã Lara e com a mãe Lucy. “Na verdade, trato a maneira de ela narrar como um confessionário ou uma sessão de terapia extrema; os pedaços de um quebra-cabeça que ela vai resgatando da memória teimam em não se encaixar, como se isso fosse possível”, completa.

 

Por André Luiz Maia