Juiz diz que ‘laranjal do PSL’ atenta contra democracia; Pâmela acusa Julian de envolvimento

O juiz eleitoral Renan Machado classificou como um atentado “contra a lisura do processo democrático” as suspeitas de candidaturas laranjas do PSL nas eleições de 2018. Recentemente a suplente de deputada federal Pâmela Bório (PSL) relatou fatos inéditos sobre o suposto esquema de laranjas do partido e citou estratégias de violência moral, psicológica e patrimonial contra dissidentes do grupo comandando pelo deputado federal e presidente do PSL na Paraíba Julian Lemos.

Na decisão em que autorizou as prisões da segunda fase da Operação Sufrágio Ostentação, ontem, o juiz afirma: “Oportuno notar a gravidade do delito, se comprovada a sua prática, pois atenta contra a lisura do processo democrático de escolha dos representantes eleitos, um dos fundamentos da soberania popular”. Entre os presos pela Polícia Federal, está Mateus Von Rondon, assessor especial do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

Julian articulou esquema

De acordo com Pâmela, na época das eleições Julian Lemos era vice-presidente nacional do PSL e foi um dos articuladores do suposto “laranjal” do partido, ao lado do ex-ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebbiano, e do presidente do PSL, Luciano Bivar. Bebbiano caiu do Governo após uma crise gerada pela suspeita do uso de candidatura laranja pelo mesmo; Luciano Bivar, hoje deputado federal, é investigado pelo mesmo motivo.

“Como vice-presidente do PSL na época, o Julian articulou junto ao Bebianno e ao Bivar a distribuição irregular dos repasses do Fundo Partidário aqui na Paraíba e nacionalmente, quando em vários estados foram constatados candidaturas laranjas”, acusou Pâmela. A jornalista, que também é filiada ao PSL, teria garantido que o presidente Jair Bolsonaro não está nada satisfeito com os casos de candidaturas laranjas que vem acontecendo no partido e que uma intervenção se faz necessária na legenda.

Barganha por cargos

Para Pâmela, o argumento de Julian Lemos de que denúncias de corrupção e “desmandos e falcatruas” dentro do PSL na Paraíba são oriundas de pessoas que visam barganhar cargos não procedem. Ela lembrou que não cabe a ele a destinação de cargos e que Jair Bolsonaro já teria deixado claro que não faria negociatas de cargos com deputados e senadores. Ela lembrou, ainda, que o próprio Julian teria pedido às pessoas que eventualmente prometeu cargos o “deixassem em paz”.