Os mais entendidos sustentam a tese de que todo (ou quase todo) político inicia uma campanha eleitoral já traçando estratégias para a seguinte. Se verdadeira, a tese serve muito bem para ilustrar a jogada de mestre dada pelo senador Cássio Cunha Lima na eleição passada.

Ao levar o PSDB a abrir mão de indicar o vice de Luciano Cartaxo em 2016 – algo lógico, já que há época o ex-deputado tucano Ruy Carneiro aparecia bem pontuado nas pesquisas -, Cássio iniciava ali o seu plano astuto de encurralar o prefeito de João Pessoa na eleição seguinte.

E ao que parece Cássio conseguiu seu objetivo, segundo externou na manhã desta segunda-feira (26) o irrequieto apresentador Fabiano Gomes, ao anunciar que o prefeito da Capital teria decidido deixar mesmo a PMJP.

Só que a conta (para Cartaxo) não é tão fácil assim. Sem contar com um vice de sua inteira confiança, assim como ocorreu com Ricardo Coutinho em 2010, quando se desincompatibilizou do cargo e deixou Luciano Agra em seu lugar, o ainda alcaide de João Pessoa convive com o dilema de deixar ou não o comando da mais importante prefeitura paraibana para se arriscar na disputa pelo Governo do Estado.

O fato é que Cartaxo tem a exata dimensão que, na condição de ex-prefeito, ficará completamente refém de Cássio, que passará a ter o controle das duas maiores prefeituras do Estado: João Pessoa, com o aliado Manoel Júnior, e Campina Grande, com o primo Romero Rodrigues.

Só que não é segredo para ninguém que ronda entre assessores mais cautelosos do Paço Municipal um questionamento perturbador: Cartaxo terá mesmo o apoio de Cássio, Romero e Manoel Júnior depois que se tornar ex-prefeito?

Como haverá um hiato de pouco mais de três meses entre o prazo de desincompatibilização (abril) e o das convenções (agosto), há entre os cartaxistas o temor de que, nesse espaço de tempo, Cássio lance sua candidatura ao Palácio da Redenção, deixando assim o prefeito da Capital sem opções e sem estrutura para enfrentar uma campanha a governador sozinho.

Foi ou não uma jogada de mestre de Cássio?

Cartaxo está ou não refém do senador tucano?

Essas e outras respostas, só o tempo dirá.