João Pessoa planeja alargar faixa de areia de quatro praias em 2022

A Prefeitura de João Pessoa planeja uma intervenção para ampliação da faixa de areia em quatro praias da orla da Capital em 2022. A medida foi adotada em Balneário Camboriú (SC) neste ano. O anúncio da intenção de expansão da orla foi feito pelo prefeito Cícero Lucena (PP) ainda em setembro.

De acordo com matéria divulgada pela Folha de São Paulo nesta segunda-feira (8), a ação é planejada devido fenômeno nacional de encurtamento das faixas de areia por causa da erosão costeira, um processo natural provocado pela água do mar modificando a costa.

Técnicos da prefeitura de João Pessoa têm preparado estudos preliminares em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para definir como será a execução do projeto.

A previsão é que a obra na orla da capital paraibana comece no segundo semestre de 2022. Na fase atual, a prefeitura elabora fundamentações para pedir as licenças ambientais e, em seguida, seguir para a publicação de licitações.

Segundo a Secretaria de Planejamento de João Pessoa, os quatro pontos de intervenção já estão definidos: Ponta do Seixas e praias de Cabo Branco, de Manaíra e do Bessa.

A administração municipal ainda não tem uma estimativa de quanto as obras vão custar aos cofres públicos.

No caso de Balneário Camboriú, o plano de execução do atual projeto foi custeado por um grupo de empresários locais e a obra, estimado em R$ 66 milhões,foi possível por meio de um empréstimo do Banco do Brasil.

A costa marítima de João Pessoa é marcada pela presença de enseadas e recifes de corais, além de contar com o ponto mais oriental das Américas, a Ponta do Seixas. O local é o mais próximo da África em todo o continente americano.

“A Ponta do Seixas vem atacada por mar, pelo vento, pelas chuvas e isso é corrente, antiga. Já houve um recuo substancial dessa ponta, lá em cima inclusive tem um farol inaugurado nos anos 70 e a distância dele até a ponta da barreira era enorme. Hoje, já está bem próximo”, afirma o secretário municipal de Planejamento, José William.

“Acho que a gente não pode deixar um ponto turístico e geográfico desse, um patrimônio, que venha a tombar e ficarmos observando esse tipo de ação”, acrescenta.

Para atender às particularidades locais, os impactos para moradores urbanos também são avaliados pela prefeitura.

A expectativa da administração municipal é de impactos positivos já durante a execução dos serviços de intervenção na faixa de areia.

“Não tenho quanto ter medo do julgamento futuro dessa ação. Prevejo impacto positivo imediatamente após ou até durante o curso das ações”, afirma William.

Para o geólogo Fábio Pedrosa, professor da UPE (Universidade de Pernambuco), como intervenções para alargamento das praias tem mais efeitos positivos que negativos. Mas desde que haja planejamento prévio com estudos ambientais.

“De todas as obras costeiras com intenção de conter o avanço do mar, o alargamento da faixa de areia é uma das mais interessantes. Causa impacta ambientais como qualquer obra costeira. Mas dentro das intervenções para conter o avanço do mar e recuperar a faixa de areia que é o mais interessante”, diz.

“Características ecológicas da área vão definir como consequências. Estudos ambientais terão que olhar, por exemplo, a desova de tartarugas. É importante que a sociedade ambientalista e a sociedade civil organizada acompanhem essa intervenção”, frisa.

Com a Folha de São Paulo