Internação de adultos jovens representa 65% da ocupação no Clementino Fraga

"Grupo populacional sai mais de casa, aglomera mais, acreditando que não terá complicações, mas não é verdade", afirmou a diretora técnica da unidade

Apenas no mês de maio, das 66 pessoas que foram internadas no Complexo Hospitalar de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga (CHCF), 42 delas tinham até 59 anos. Com o avanço das vacinações na população acima de 60 anos, o vírus passa a atingir com mais gravidade os pacientes mais jovens.  De acordo com os dados do Núcleo Interno de Regulação, de janeiro a maio de 2021, foram realizados 313 atendimentos.

A diretora técnica do CHCF, Joana D’Arc Frade, chama atenção para esta mudança no comportamento do vírus, que vem contaminando pessoas mais jovens: “Após a vacinação, os idosos não têm agravamento do quadro e consequentemente não precisam de internação. O que observamos no Clementino Fraga no mês de maio, é que a população com menos de 59 anos representa um percentual de 65% nas internações. Este grupo populacional sai mais de casa, aglomera mais, acreditando que não terá complicações, mas não é verdade. Ainda que jovens, o estado de saúde pode agravar sim, chegando até mesmo ao óbito”, afirmou a médica infectologista.

“Grupo populacional sai mais de casa, aglomera mais, acreditando que não terá complicações, mas não é verdade”, afirmou a diretora técnica da unidade

O Complexo Hospitalar de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga (CHCF), devido a sua natureza, foi o primeiro hospital da Paraíba a se preparar para receber pacientes diagnosticados com coronavírus, ainda no começo de 2020. Para o tratamento da Covid-19, o atendimento começou com 5 leitos de UTI, foi sendo ampliado e hoje funcionam 24 leitos de terapia intensiva. Já de enfermaria são 18 leitos. Devido o novo aumento de transmissão, e a possibilidade de uma terceira onda, em breve mais leitos devem ser abertos.

O atendimento ambulatorial de Covid-19 do CHCF é direcionado a quem já é paciente em tratamento das patologias desta unidade, e para funcionários ativos do complexo.  O protocolo começa ainda na recepção, pacientes sintomáticos são encaminhados para a triagem e atendidos por profissionais da enfermagem.

Na triagem é feita a testagem rápida; aferição de temperatura; o direcionamento para a consulta médica; exames de comprovação e, caso necessário, a internação, seja na UTI ou enfermaria.
Dados do Núcleo Interno de Regulação (NIR) registraram de janeiro a maio de 2021, 313 atendimentos; 192 altas, 73 óbitos, 13 transferências e 12 evasões. De março a dezembro de 2020, foram realizados 728 atendimentos, 392 altas, 238 óbitos, 50 transferências e 35 evasões.

Apesar de um número menor de atendimentos, em comparação a outros hospitais maiores, o Clementino Fraga destaca-se pela excelência nos indicadores. Por ser um hospital referência em doenças infecciosas, desde o início houve uma preocupação da direção do CHCF em selecionar profissionais especializados em UTI para qualificar o atendimento do setor de Covid-19.

“Ao longo deste ano, houve uma requalificação e treinamento frequente da equipe. Esta precaução se reflete em uma permanência hospitalar e letalidade menor. Apesar da gravidade da doença, de março a dezembro de 2020, tivemos uma média de letalidade de 32%, contando com o começo da descoberta da doença onde não tínhamos ainda um protocolo específico para tratá-la, já nos três últimos meses do ano, chegamos a um percentual de 18% de letalidade, estes dados demonstram a qualidade que hoje o Clementino Fraga pode ofertar”, observou Joana D’Arc Frade.

Atendimento multiprofissional

O Clementino Fraga destaca-se como referência estadual no combate ao coronavírus pelo atendimento multiprofissional composto por médicos especialistas, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicólogos.

Televisita – A assistência social é responsável pelo acolhimento dos pacientes, passagem diária de boletim de saúde às famílias, realização de televisitas – já que o paciente não pode receber acompanhante –, o serviço social serve como elo entre o paciente e os familiares e tem a função de amenizar o sofrimento causado pelo isolamento.

Fisioterapia

Uma especificidade do tratamento da Covid-19, é a necessidade de ventilação pulmonar protetora, ventilação mecânica, e também da manobra de prona, procedimento fisioterapêutico utilizado para melhorar a oxigenação dos pulmões em pacientes com comprometimento médio a grave.

Sobre o trabalho assistencial, o fisioterapeuta da UTI Covid Francisco Miguel, comentou: “Nós profissionais de saúde temos o sentimento de estar enxugando gelo, quanto mais trabalhamos pra que as pessoas melhorem, mais pessoas adoecem e por não observar medidas simples! Estamos esgotados física e mentalmente. Mais de um ano de batalha intensa, incansável. Perdi amigos, alguns deles colegas de trabalho, perdi familiares, e também perdi o chão muitas vezes”, disse emocionado.

Em nome dos colegas, Miguel ainda fez um apelo: “Pelo amor que você tem a você e aos seus, siga as orientações de cuidado. Aguarde receber a vacina. Se proteja e proteja os seus!”