Instrumento que orientava piloto de voo com GD em condições não visuais estava quebrado

O especialista em segurança de voo, Lito Sousa, em entrevista ao programa ‘Mais Você’, da Rede Globo, trouxe algumas informações que podem começar a revelar o que aconteceu no acidente aéreo que vitimou o cantor Gabriel Diniz e mais duas pessoas. Ele verificou uma foto postada pelo próprio GD, que revela uma falha instrumental importante para uma operação de voo.

“Ontem à noite eu consegui ter acesso a uma foto que o próprio Gabriel Diniz tirou no voo que ele estava indo para Feira de Santana e é do mesmo avião que se acidentou. Nesta foto, do painel do avião, a gente vê aí que temos três relojinhos na fileira de cima e na fileira de baixo. O primeiro à esquerda indica como o avião se comporta em voo, se está com o nariz para cima, para baixo […] logo em baixo tem um relógio com um ponteiro apontando para baixo. Isso quer dizer que o avião está em um movimento de descida, sendo que isso é completamente incompatível com o que o primeiro relojinho [da esquerda na fileira de cima] indica, que ele está subindo e em curva. Ou seja, esse instrumento, o primeiro da esquerda, está completamente inoperante”, afirmou.

Lito afirmou que, em uma operação de táxi aéreo ou de voo comercial, uma falha técnica como esta jamais aconteceria, pois a fiscalização nestas modalidades de voo são diferentes com relação aos voos particulares, o que era o caso. O avião usado para transportar GD de Feira de Santana a Maceió, onde prestigiaria o aniversário de sua noiva, era pertecente ao Aeroclube de Alagoas, só estava autorizado para voos de instrução e estava para ser penhorado.

“Apesar do programa de manutenção ser o mesmo, é mais garantido que ele vai ser executado numa empresa de táxi aéreo que tem uma maior fiscalização do que num avião particular”, salientou Lito.

Rumos da investigação

“Imagino que a investigação irá focar em duas áreas: a primeira seria uma falha técnica, uma perda de motor, uma coisa assim, mas eu acho isso menos provável. O mais provável é uma desorientação espacial. Tenho um amigo que trabalha no controle de tráfego aéreo e ele estava na torre de um aeroporto e ouviu a comunicação do piloto desse avião pedindo um desvio de umas formações, que são nuvens de tempestade. Após a torre autorizar esse desvio, não houve mais comunicação. Pode ser que o avião tenha entrado numa condição não-visual e pelo fato daquele instrumento estar inoperante, o piloto se perde completamente. Ele fica num processo que a gente chama de desorientação espacial. Inclusive, existem estudos que pilotos, mesmo com muitas horas de voo, experientes, que só voam em voo visual, quando entram em uma condição não visual, perdem o controle do avião em 178 segundos. É uma coisa muito rápida e, por isso, que tem que ser muito bem planejado um voo desse. E essa é uma grande diferença entre uma operação de táxi aéreo e um voo comercial, e uma operação particular, mesmo que seja dando carona.”