Governo Bolsonaro usa foto de homem armado para celebrar o Dia do Agricultor

Tuíte recebeu diversas críticas dos usuários e um deles apontou a origem da fotografia, retirada do banco de imagens iStock, que é pago

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República publicou uma foto de um homem armado em sua conta no Twitter, na manhã desta quarta-feira (28), para fazer uma homenagem ao Dia do Agricultor.

O tuíte recebeu diversas críticas dos usuários e um deles apontou a origem da fotografia, retirada do banco de imagens iStock, que é pago. Neste site, a foto tem a seguinte a descrição: “Silhueta de caçador carregando espingarda no ombro e observando”.

O G1 procurou o Palácio do Planalto e aguarda uma resposta.

O tuíte recebeu diversas críticas dos usuários. — Foto: Reprodução Twitter
O tuíte recebeu diversas críticas dos usuários. — Foto: Reprodução Twitter

OG1 também consultou organizações que representam o Agro. A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) disse que não vai se pronunciar. E a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) não respondeu até a última atualização da reportagem.

Política armamentista

Desde que chegou ao poder, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem assinado decretos para ampliar o acesso a armas. Ele já falou, em várias ocasiões, sobre o desejo de ver toda a população armada.

Em 2019, ele sancionou uma lei que ampliou a posse de arma para toda a extensão de uma propriedade rural. Até então, a posse era restrita apenas à sede de uma fazenda, por exemplo. A legislação é válida para qualquer propriedade, independentemente do tamanho da área.

Já em fevereiro de 2020, o governo federal editou um “pacote de mudanças” em decretos de 2019, flexibilizando os limites para compra e estoque de armas e cartuchos.

Uma dessas alterações elevou de quatro para seis o número máximo de armas de uso permitido para pessoas com Certificado de Registro de Arma de Fogo.

Um outro decreto deu permissão para que atiradores e caçadores registrados comprem até 60 e 30 armas, respectivamente, sem necessidade de autorização expressa do Exército.

Em apenas três anos, o Brasil dobrou o número de armas nas mãos de civis, segundo um Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado no dia 15 deste mês.

Em 2017, segundo a Polícia Federal, o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) contabilizava 637.972 registros de armas ativos. Ao final de 2020, o número subiu para 1.279.491 – um aumento de mais de 100%.

Além disso, o número de pessoas físicas que pediram registros para atuarem como caçadores, atiradores desportivos e colecionadores aumentou 43,3% em um ano: de 200,1 mil pessoas, em 2019, para 286,9 mil, em 2020.

Do G1