Funjope e Coletivo Mancha abrem exposição com obras de usuários dos Caps

A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), em parceria com o Coletivo Mancha, abre, neste domingo (8), na Casa da Pólvora, a exposição ‘Aurora – Luzes para aprender a voar’. A iniciativa envolve obras de usuários dos serviços de saúde mental de João Pessoa e é em defesa ao movimento de luta antimanicomial. A mostra segue até 30 de maio.

O diretor executivo da Funjope, Marcus Alves, lembrou que a Fundação criou o projeto Somos Capazes para fazer um processo de inclusão social pela arte, envolvendo crianças autistas, com Down e outras deficiências. Também tem a experiência com os detentos, numa parceria com a Psiquiatria Forense. Agora, está valorizando um trabalho feito no ambiente da Prefeitura, nos CAPs.

Marcus afirmou que esta é uma forma de dar espaço e acolher a expressividade dessas pessoas que merecem cuidado. Ele acredita que, a partir dessas iniciativas, podem surgir elementos muito criativos. “Dedicamos essa experiência para a questão da luta antimanicomial e resolvemos acolher essa proposta dos profissionais dos Caps, não só como forma de legitimar, mas dar visibilidade à criação dos pacientes. É muito importante esse processo de inclusão social pela arte”, acrescentou.

Essa luta, conforme o Coletivo, reafirma o direito por uma sociedade sem manicômios e o cuidado em liberdade, pautado na arte-cultura como potência para a ampliação da cidadania e circulação social. Esta é a segunda exposição de arte do Coletivo Mancha com obras produzidas por artistas atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

Na Casa da Pólvora, serão reunidos os trabalhos expressados em diversas modalidades, entre eles, pintura em tela, colagem, fotografias, pinturas em papel, técnicas mistas, trabalho com papel machê, entre outras expressões artísticas. A instalação das obras foi organizada por Robinson Cambiazzo, artista plástico e funcionário do Caps.

Thiago Sombra, oficineiro de música e de expressão criativa do Caps Gutemberg Botelho, contou que, no final de 2021, os facilitadores dos Caps criaram o Coletivo Mancha e pensaram em mostrar toda a produção dos usuários, ocupando alguns espaços da cidade.

“Essa exposição é resultado disso. A arte-terapia é um lugar remissor de sintomas, de ressocialização, onde se trabalha a singularidade e a autonomia de pessoa que estão ou estiveram num sofrimento mental”, declarou. O grupo entende que as expressões artísticas produzidas nos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPs) carecem de visibilidade e valorização comunitária.

A intenção do Coletivo é produzir encontros, espalhar a arte e ‘manchar’ a cidade com seus trabalhos criativos. “O nome Mancha é uma homenagem a Dom Quixote de La Mancha que, na interpretação do jornalista Eduardo Galeano (in memorian), seria um esquizofrênico”, completou Thiago Sombra.