Flow Podcast desliga Monark após fala sobre nazismo e apaga vídeo do canal

'Nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei', afirmou. Assessoria de imprensa do podcast diz que ele também vai deixar de ser sócio das empresas produtoras

Após defender a existência de um partido nazista, Monark foi desligado do Flow Podcast. O anúncio foi feito nesta terça (8) pelas redes do programa.

“O Flow Podcast surgiu de um sentimento de liberdade, pluralidade e transparência. Com isso, carregamos a responsabilidade de nos conectar com milhões de pessoas e é inevitável que grandes decisões exijam grandes responsabilidades”.

“Reforçamos o nosso comprometimento com a Democracia e Direitos Humanos, portanto, o episódio 545 foi tirado do arComunicamos também a decisão que, a partir deste momento, o youtuber Bruno Aiub @Monark está desligado dos Estúdios Flow“, diz a nota.

Bruno Aiub, influenciador conhecido como Monark, é um dos fundadores e sócio ou administrador de diversas empresas constituídas em nome do Flow, entre as quais a Flow Produção de Conteúdo Audiovisual e a IB Holding de Participações, segundo a Junta Comercial de São Paulo (Jucesp).

Ao g1, a assessoria de comunicação do podcast disse que Monark vai deixar de ser sócio das empresas e “não terá mais nenhum vínculo com os Estúdios Flow”. A assessoria diz que vão permanecer como sócios apenas o apresentador Igor Coelho e o diretor Gianluca Eugenio. Veja a íntegra da nota no final desta reportagem.

Em transmissão ao vivo no YouTube ainda nesta terça, Coelho esclareceu que vai comprar a parte do sócio.

“Vocês sabem que ele era meu sócio, na verdade, de 50% do Flow, então a gente tinha meio a meio. O que vai acontecer aqui é que eu vou comprar a metade dele. Porque eu não acredito que seja justo que ele tenha me ajudado a construir isso durante os últimos anos e abra mão de tudo”, afirmou o apresentador.

A seu lado, Monark afirmou que vai continuar a produzir conteúdo.

“Eu, claro, vou ter minhas paradas. Vou continuar produzindo no meu canto ali. A gente vai ter um acordo, ressarcimento e tal. Infelizmente eu errei, a forma como eu me comuniquei. Muita gente entendeu como se eu estivesse defendendo algo que eu sou totalmente contra. Novamente. Então, é melhor eu assumir essa minha culpa, e é isso que está acontecendo”, disse Monark.

Fala sobre nazismo

Durante a edição desta segunda (7), na qual participavam os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), o tema liberdade de expressão era discutido quando Monark falou sobre nazismo.

“A esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço. Eu sou mais louco que todos vocês. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei“.

Tabata rebateu o comentário e falou que a “liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco a vida do outro”. “O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”, afirmou a parlamentar.

Criado por Monark e por Igor Coelho (Igor 3K), o Flow é um dos podcasts com maior audiência do Brasil e tem 3,6 milhões de inscritos só no YouTube. O podcast já perdeu patrocinadores, e em 2021 Monark foi muito criticado depois de ter questionado no Twitter se “ter opinião racista é crime”.

No mesmo episódio, Kataguiri afirmou considerar que a Alemanha errou ao ter criminalizado o partido nazista, após ser questionado por Amaral. Depois disso, o deputado comentou o caso.

“O que eu realmente disse sobre o nazismo: muito melhor expor a crueldade dessa ideologia nefasta para que todos vejam o quanto ela é absurda. Sufocar o debate só faz com que grupos extremistas cresçam na escuridão e não sejam devidamente combatidos e rechaçados.”

Após a repercussão negativa de sua fala, Monark publicou um vídeo de oito minutos dizendo que ela foi tirada de contexto e que ele considera o nazismo abominável.

O podcaster argumentou no vídeo que defende a liberdade de expressão para “saber quem é idiota para que a gente possa ou educar essa pessoa, se for possível afastar essa pessoa e, se ela estiver cometendo um crime, punir essa pessoa”. “É muito mais fácil descobrir quem ela é se a gente deixa ela falar”, ele argumentou. Ele também se disse vítima da “cultura do cancelamento”. Veja o vídeo acima.

Depois, ele publicou um novo vídeo dizendo que errou e que pediu desculpas. Monark afirmou que estava bêbado durante o programa, pediu compreensão e convidou pessoas da comunidade judaica a ir ao seu programa conversarem com ele e explicarem mais “sobre toda a história”.

Convidados pedem exclusão de vídeos

Lucas Silveira, da banda Fresno, Tico Santta Cruz, do Detonautas, Sidoka , Iberê Thenório, do Manual do Mundo, estão entre os entrevistados do Flow Podcast que se manifestaram após a polêmica.

Os convidados pedem que os vídeos que participam sejam excluídos do canal no YouTube.

Leia a nota na íntegra

“Ao longo da nossa história, tratamos de termos sensíveis e polêmicos buscando promover conversas abertas sobre assuntos relevantes para a nossa sociedade, sem preconceitos ou ideias pré-concebidas, pelo que acreditamos e defendemos.

O Flow Podcast surgiu de um sentimento de liberdade, pluralidade e transparência.

Com isso, carregamos a responsabilidade de nos conectar com milhões de pessoas e é invevitável que grandes decisões exijam grandes responsabilidades.

Reforçamos o nosso comprometimento com a Democracia e Direitos Humanos, portanto, o episódio 545 foi tirado do ar. Comunicamos também a decisão que a partir deste momento, o youtuber Bruno Aiub @Monark está desligado dos Estúdios Flow.

Esta decisão fora tomada em conformidade com o que determinam todos os preceitos de boa prática, nossa visão e missão, as quais o Estúdios Flow compactua e segue, lamentando profundamente o episódio ocorrido.

Pedimos desculpas à comunidade judaica em especial e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de alguma sociedade.

Por fim, aos nossos fãs, convidados, ouvidos, e quipe e apoiadores, fica a mensagem de que iremos superar essa situação contribuindo para uma sociedade mais justa e transparente, o que sempre foi nosso objetivo, exprimindo opiniões francas e livres, com a liberdade de expressão amparada por preceitos legais.”