A Polícia Civil e o Ministério Público estadual do Rio de Janeiro (MP-RJ) descobriram mensagens de texto em telefones celulares que reforçam a suspeita de que a deputada Flordelis (PSD-RJ) planejou matar o pastor Anderson do Carmo.
Nesta segunda-feira (24), oito pessoas foram presas pelo envolvimento com o crime. Destes, cinco são filhos e uma neta de Flordelis.
Segundo a polícia, foram diversas tentativas de matar o pastor Anderson, uma delas está comprovada em uma mensagem de fevereiro de 2019, quatro meses antes de sua morte. O aparelho nunca foi encontrado. Em uma das mensagens, a deputada escreveu:
Em outra troca de mensagem, de outubro de 2018, Flordelis conversa com o filho André Luiz de Oliveira:
De acordo com as investigações, a deputada prestou auxílio material e moral no crime. Ela teria dado dinheiro para a compra da arma, já que um dos filhos, Flávio dos Santos Rodrigues recebia menos de R$ 2 mil como motorista de aplicativo.
A pistola e a munição custaram cerca de R$ 10 mil e ele sempre tentou sustentar que dividiu essa quantia com outro filho Lucas Cezar dos Santos.
Segundo as investigações, a deputada, que teria avisado ainda da chegada da vítima ao local, também arregimentou, incentivou e convenceu os outros denunciados, além de ter forjado a simulação de latrocínio.
Os investigadores consideram que, em pelo menos, seis ocasiões, os denunciados Flordelis, e seus filhos Carlos Ubiraci Silva, André Luiz de Oliveira, Simone dos Santos Rodrigues e Marzy Teixeira da Silva manipularam os alimentos e bebidas de Anderson de forma continuada e sucessiva com veneno.
A manipulação provocou intoxicação, conforme detalharam os pareceres médicos anexados no inquérito. Para a polícia, a deputada arregimentava cúmplices da casa para colocar os “remédios” momentos antes de Anderson consumir, com a desculpa que seriam medicamentos para ansiedade.
Nesse plano, Simone e Marzy foram atuantes, segundo a denúncia, uma vez que auxiliaram na busca e aquisição das substâncias tóxicas. Ambas procuraram na internet por cianeto.
Em outras frentes, os outros cúmplices eram importantes para incentivar a vítima a ingerir os alimentos e bebidas ministradas com veneno ou evitar que pessoas próximas do núcleo familiar consumissem os alimentos já envenenados, o que de vez em quando não era possível.
Em pelo menos dois episódios, dois moradores da casa passaram mal ao beber um suco e leite fermentado que estavam na geladeira de Anderson.
O pastor passou dias internado e se recuperou. Segundo o Ministério Público, Flordelis adotou um plano mais eficaz já que não obteve resultado.
Para a polícia, essa trama está relacionada ao final de 2018, quando depoimentos e conversas remetem à contínua manutenção de medicamentos na bebida e comida do pastor. Neste sentido, os boletins de atendimentos hospitalar do período corroboram as versões.
O que diz a defesa de Flordelis
A jornalistas na delegacia, o advogado Anderson Rollemberg disse ter ficado surpreso.
“A defesa foi surpreendida com essas prisões preventivas das cinco filhas da deputada e da neta. Tomaremos conhecimento do que há de indícios para que essas prisões fossem feitas e para o indiciamento da deputada, já que na primeira fase da investigação, passou longe de qualquer prova que a apontasse como mandante”, afirmou.
Segundo o advogado, Flordelis não tinha ingerência sobre o dinheiro da família. “Ela é cantora gospel, líder religiosa e parlamentar federal. A questão dela sempre foi dar o melhor para os necessitados. Por isso tinha mais de 50 filhos. Na opinião da defesa, está havendo um grande equívoco no desfecho desta investigação”.
Do G1.