Flordelis chora e se diz inocente em reunião do Conselho de Ética

A deputada Flordelis (PSD-RJ) se disse inocente e chorou, nesta terça-feira (16), ao fazer a própria defesa em uma reunião do Conselho de Ética da Câmara. A parlamentar negou as acusações de que tenha mandado matar o marido, o pastor Anderson do Carmo.

Flordelis responde pela acusação criminal na Justiça do Rio de Janeiro e, no Conselho de Ética, é alvo de uma representação por quebra de decoro que pode levar à cassação do mandato.

“Eu sou inocente. eu não mandei matar meu marido. Eu não participei de nenhum ato de conspiração”, afirmou Flordelis, que disse estar sofrendo uma “perseguição pública implacável”.

A deputada declarou que a vida dela e da família “se transformou em um caos” nos últimos quase dois anos. “O que está acontecendo é o assassinato da minha reputação, do meu nome”, disse.

Anderson foi morto a tiros na garagem de casa em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, em 2019. Flordelis é ré por cinco crimes relacionados ao caso, incluindo homicídio triplamente qualificado e associação criminosa. A parlamentar nega todas essas acusações.

Desde outubro de 2020, Flordelis tem sido monitorada por tornozeleira eletrônica. Por ser deputada, ela goza de imunidade parlamentar e só poderia ser presa em flagrante.

Em janeiro deste ano, uma das filhas da deputada confessou ter pagado R$ 5 mil para matarem o pastor. Simoni dos Santos Rodrigues disse que a quantia foi entregue à sua irmã Marzy Teixeira. A motivação do crime seriam as constantes investidas sexuais do pastor.

Ao Conselho de Ética, Flordelis disse que não sabia de nada. “Eu não sabia o que estava acontecendo dentro da minha casa. Eu não sabia que meu marido estava assediando a minha filha”, afirmou.

A deputada relatou ainda que não tinha tido coragem de ouvir a confissão da filha. “Depois que a minha filha confessou eu ainda não tive coragem de ouvir a confissão toda da minha filha, mas eu fiquei sabendo. (…) Não era esse o caminho que ela tinha que tomar. Eu sou a favor da vida”, disse.

Afastamento do mandato

A reunião desta terça foi convocada para que o relator do processo por quebra de decoro, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), apresente um plano de trabalho para a análise do caso. Esse planejamento inclui o cronograma das testemunhas que serão ouvidas pelo conselho:

  • Allan Duarte Lacerda, delegado de polícia responsável pela condução do inquérito policial referente ao caso;
  • Barbara Lomba Bueno, delegada de polícia responsável pela condução do inquérito policial referente ao caso;
  • Simone dos Santos Rodrigues, filha de Flordelis (indicada pela defesa);
  • Marzy Teixeira da Silva, filha de Flordelis (indicada pela defesa);
  • Adriano dos Santos Rodrigues, filho de Flordelis (indicado pela defesa);
  • Flávio dos Santos Rodrigues, filho de Flordelis (indicado pela defesa);
  • André Luiz de Oliveira, filho de Flordelis (indicado pela defesa); e
  • deputada Flordelis.

Flordelis fez ainda um apelo aos colegas deputados: “Quero pedir que não cometam nenhuma injustiça comigo”.

Em 23 de fevereiro, o Tribunal de Justiça do Rio determinou que Flordelis fosse afastada do mandato até que as acusações criminais fossem julgadas. A Câmara, no entanto, ainda não se pronunciou sobre essa decisão e também não submeteu o tema à análise do plenário, que teria a palavra final para confirmar o afastamento ou rejeitá-lo.

Com isso, até o momento, Flordelis continua no exercício do mandato e pode participar normalmente das votações.

Entenda o caso

  • O inquérito policial concluiu que o pastor Anderson do Carmo foi morto por questões financeiras e poder na família – o pastor controlava todo o dinheiro do Ministério Flordelis, hoje rebatizado Comunidade Evangélica Cidade do Fogo.
  • Flordelis é uma das 11 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Rio e só não foi presa porque tem imunidade parlamentar. Os outros 10 réus estão na cadeia, entre eles sete filhos e uma neta da deputada.
  • Após o crime, Flordelis relatou em depoimento e à imprensa que o pastor teria sido morto em um assalto.
  • A deputada vai responder por cinco crimes: homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso e tentativa de homicídio (pelo envenenamento).

Do G1.