Flávio Tavares usa memórias e ficção para desenvolver obra durante a pandemia

De acordo com o artista, as peças são idealizadas sob uma perspectiva irreal, que ele classifica como uma autobiografia ficcional, com histórias de circo e apocalipse

(Foto: Eduardo Tavares)

O pintor paraibano Flávio Tavares iniciou, neste período de isolamento, um “diário da pandemia”. Nas redes sociais, o artista fez diversas publicações onde mostra as etapas e explica o contexto do mural intitulado “O Claustrum”, que está em desenvolvimento e deve ter a representação de diferentes cenários. De acordo com o artista, as peças são idealizadas sob uma perspectiva irreal, que ele classifica como uma autobiografia ficcional, com histórias de circo e apocalipse.

(Foto: Eduardo Tavares)

No vídeo abaixo, o artista recita um poema de seu amigo, o poeta Hildeberto Barbosa Filho e conta sobre a arte, que está sendo desenvolvida em quatro telas, subdivididas em temas relativos que se interligam. “Quem pinta, é poeta e é poesia, e se dá, não importa a pandemia”, diz trecho do poema.

“São momentos aonde tive minha influências. Estou fazendo disso uma retrospectiva do próprio traço. Pela primeira vez, estou fazendo uma pesquisa da minha própria pintura, meu próprio desenho. Não estou procurando criar nada de novo, a não ser o que eu já tinha feito até agora, e isso é muito importante para mim. Vou fechar a pandemia com essa ação de enclausuramento. Estou fechado entre um terreno, entre uma casa, e agora, entre quatro telas. É isso que é o projeto “Claustrum”, explica.

(Foto: Eduardo Tavares)

O Claustrum

No mural “O Claustrum”, o artista faz o esboço da composição do quadro, que terá figuras familiares e uma representação do juízo final, além de imagens relacionadas ao circo. Conforme ele, “tudo passa a ser uma coisa entre teatro de revista, da época da Atlântida e Vera Cruz, e também de Hollywood.”

“Uma obra burlesca, e ao mesmo tempo é, não deixa de ser, dentro da alegoria, uma carnavalização de imagens. A carnavalização da minha pintura ela é constante. Sempre trabalho o centro dos quadros e as laterais. É uma uma coisa de minha natureza. Eu às vezes não sei deslocar muito para um lado só. Eu tenho [na obra] um lado do bem e do mal, em representação constante do bem e do mal, da bela e a fera”, explicou.

(Foto: Eduardo Tavares)

Na obra também estarão presentes representações de momentos de sua família e personagens do cotidiano, com uma imagem da casa de sua mãe, na rua Rodrigues de Aquino, antiga Rua da Palmeira, no Centro da Capital, que se mesclam também com o íntimo, figurado por uma noite de núpcias sob orações. “Entre o profano e o sagrado”, nas palavras do pintor.

Em sua rede social, Flávio também divulgou mais um poema dado pelo poeta Hildeberto Barbosa Filho, intitulado “Claustropoema”, que também traz a arte como refúgio para os dias de pandemia.