Festival de cinema Sementes Griôs começa em agosto com programação gratuita

FUNJOPE

Um total de 19 filmes, incluindo alguns títulos inéditos, estão na programação da 3º Sementes Griôs – Festival de cinema intercultural, que inicia-se a partir de 1º e segue até 06 de agosto, com programação gratuita. O festival é uma realização da Semente – Escola de Educação Audiovisual em parceria com a Amora Produções. Totalmente online e gratuito, o web festival contará com mostras de filmes de curta-metragem, produzidos dentro e fora da escola, rodas de conversa e também uma vivência griô.

As rodas de conversa serão realizadas via Google Meet, portanto, é necessário realizar inscrição para participar. As inscrições estarão abertas a partir de 24 de julho de 2021, via Sympla. Quanto aos filmes do festival, estarão disponíveis no site da Videocamp, plataforma oficial do evento.

Toda a programação e demais informações podem ser encontradas no site semente.educacaoaudiovisual.com.br e nas redes sociais da escola: @semente.educacaoaudiovisual.

SOBRE O EVENTO

O evento tem como objetivo promover um espaço de partilha de saberes e experiências das comunidades tradicionais quilombolas, indígenas e ribeirinhas, bem como o resgate da ancestralidade dessas culturas na educação formal, uma vez que a educação audiovisual é entendida como uma ponte entre os saberes da tradição oral e a construção de memórias coletivas. Sendo assim, adota-se o recorte da interculturalidade e da descolonização do saber, cuja programação visa formar educadoras e educadores para uma educação decolonial.

Na trajetória da Semente nas comunidades em que atua, os saberes e fazeres da cultura oral se relacionam organicamente com o currículo escolar e com as práticas audiovisuais realizadas com os educadores e educandos. O Festival faz parte da nossa proposta pedagógica de ampliar o repertório audiovisual de educadoras e educandos, dando visibilidade para sensibilidades e modos de vida que sustentam o saber ancestral relacionado ao cuidado da terra e ao bem viver.

O Festival nasceu em 2017 como uma mostra de filmes do Quilombo Gurugi-Ipiranga, e já possui duas edições, com a exibição de mais de 30 filmes para um público de mais de 500 pessoas da comunidade. Na nova edição, portanto, a 3ª edição, o festival é rebatizado com o nome Sementes Griôs, e o núcleo de sua realização é transferido para a capital João Pessoa e o evento se torna 100% online, ampliando assim o alcance de suas ações.

O nome do festival é uma referência direta e também uma homenagem aos mestres Griôs, que na tradição da história oral africana estão incumbidos de conhecer as histórias das comunidades e transmiti-las para as gerações mais novas.

Evoca-se, portanto, essas vozes e histórias para a construção do bem-viver e de territórios educativos que germinam práticas de valorização dos saberes de tradição oral, como nas narrativas contemporâneas da literatura africana, como é o caso da escritora moçambicana Paulina Chiziane, em seu romance Ventos do Apocalipse (1983): “Quero contar-vos histórias antigas, do presente e do futuro, porque tenho todas as idades e ainda sou mais novo que todos os filhos e netos que hão de nascer.”

Os filmes em exibição passaram por uma curadoria com especialistas da área e são produções audiovisuais que expressam a partilha de conhecimentos com base no diálogo dos saberes escolares e tradicionais, manifestando o encontro da escola com comunidades tradicionais quilombolas, indígenas e ribeirinhas Ana Bárbara Ramos, cineasta, educadora e coordenadora da escola Semente, destaca que “o festival visa colaborar para a ampliação do repertório sociocultural de educadoras e educadores, e para a construção de práticas pedagógicas contextualizadas que abranjam e incluam o modo de ser e de estar, a cultura, os saberes que os povos tradicionais (comunidades negras e povos indígenas) de uma forma orgânica, constituindo uma relação de reconhecimento, e sobretudo de respeito. O festival se propõe a colaborar com repertório, conteúdos que auxiliem educadores na efetivação da lei 11.645/08, por exemplo. Essa lei busca garantir a inclusão do Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena dentro da escola, contudo, sua inserção ainda é de pouca ou de baixa efetividade.”

Considerando a necessidade de ações de descolonização do currículo escolar e de práticas antirracistas, a programação do festival se apresenta como um aliado, se configurando como um importante subsídio para oferecer uma educação verdadeiramente democrática e atenta à diversidade humana, social, histórica e cultural.

Sobre a Semente Escola de Educação Audiovisual – Tem o propósito de inspirar transformações educacionais através da potencialização das práticas de ensinar e aprender e do fomento de comunidades de aprendizagem por meio da tecnologia e da linguagem audiovisual.

Através do desenvolvimento de metodologias ativas com o audiovisual, a Escola propõe uma concepção de educação baseada na afetividade, no comprometimento com o mundo e com o desenvolvimento integral do ser humano. Com ampla experiência em práticas na escola e formação de professores desde 2014, a Semente se estruturou como um escola digital em 2021, com uma plataforma de cursos online, promoção de eventos e uma comunidade de aprendizagem, visando a formação de profissionais da educação que buscam integrar a linguagem e a tecnologia audiovisual às suas práticas no chão da escola e nas telas do ensino remoto e híbrido.

A realização do Sementes Griôs faz parte da ação cultural e pedagógica da Semente Escola cujo o objetivo é o de compartilhar com toda a comunidade escolar, educadores e educandos, e tornar acessível as narrativas e colaborar na criação de um mundo mais democrático e atento à diversidade humana.