Festa do Livro Internacional realiza ‘Ocupa Flit’ em dezembro no Conde

Celebração por meio da linguagem. É isso que propõe a segunda edição da Ocupa Flit, um evento da Festa do Livro Internacional da Paraíba que acontece nos dias 7 e 8 de dezembro no Quilombo Ipiranga e no Sítio Tambaba, respectivamente, no município de Conde. Este ano, a ideia é comemorar as ações realizadas nas comunidades com uma grande festa literária.

Serão dois dias levando o livro e a leitura para o centro do debate e diálogo junto aos moradores da região, convidados e o público em geral. O evento é gratuito e vai abordar temas das mais diversas áreas artísticas como o cinema, a própria literatura, o teatro e as artes visuais. Além de um bate papo com a homenageada da festa, a escritora Maria Valéria Rezende. A programação ainda conta com performances dos atores Luiz Carlos Vasconcelos, Thardelly Lima, Raquel Ferreira e Suzy Lopes.

Porém, para Juca Pontes e Anastácia Alencar, realizadores do projeto, o ponto alto dos dois dias será a exibição dos trabalhos realizados pelos moradores das duas comunidades em que a Flit atuou em 2019, que são Quilombo Ipiranga, no Gurugi, e o Sítio Tambaba. Durante o corrente ano, foram realizadas oficinas das mais diversas áreas como empreendedorismo, sustentabilidade e artes visuais. Essa última foi realizada pelo artista espanhol Javier Quintanilla e o resultado são as obras feitas pelos próprios moradores que serão apresentadas neste fim de semana.

Um dos responsáveis pela Flit, Juca Pontes se diz satisfeito com os resultados conseguidos em 2019 por meio do projeto. Ele ressalta que esses dois dias de evento serão para comemorar, junto com a comunidade, os frutos colhidos por essas ações. Já Anastácia Alencar explica que a proposta da Flit não é só realizar um ou dois dias de festa literária, mas sim atuar dentro das comunidades ao longo do ano, levando a leitura e o conhecimento para esses lugares.

“A Flit, que antes era um projeto, se tornou um processo coletivo, pois cada ação que a gente desenvolve gera um aprendizado, tanto para as comunidades, quanto pra gente e também para o público nesse momento de celebração. As ações que realizamos surtiram o efeito esperado e estamos muito felizes. Convidamos o público para comparecer nesses dois dias e atestar a grande riqueza cultural desses dois lugares”, pontua.

A segunda edição da Ocupa Flit acontece no sábado (07), a partir das 16h no Quilombo Ipiranga, Gurugi, e no domingo (08), a partir das 16h no Sítio Tambaba. O evento é uma realização da 4 Olhos Comunicação Cultural e da 3 Brasis, em parceria com o Engenho São Paulo, Fecomércio PB/Sesc/Senac e Prefeitura de Conde, com o patrocínio do Bradesco e da Gráfica JB.

O começo

A Flit PB nasceu em 2018 como um projeto da 4 Olhos e da 3 Brasis Comunicação. A ideia surgiu de Anastácia Alencar que convidou o editor e escritor Juca Pontes para fazer parte desse projeto que tinha o intuito de transformar um município da Paraíba na cidade leitora do estado. Trabalhar literatura dentro de comunidades com pouco hábito de leitura, mas com rica tradição cultural. A escolha de Conde não foi por acaso.

“Lá tem duas aldeias indígenas, três quilombos, além dos assentamentos. Quando chegamos lá, confirmamos que a cultura da cidade representa a heterogeneidade do brasileiro”, explica Anastácia Alencar ao falar sobre a decisão de trabalhar no município de Conde. Ela acrescenta que o fato das comunidades terem recebido o projeto “de braços abertos” ajudou nessa escolha. A primeira ação da Flit-PB aconteceu em dezembro de 2018, com a primeira edição da Ocupa Flit e um sábado dedicado a palestras, exposições, música e tantas outras expressões artísticas.

Mas o propósito da Flit vai além de um evento de um dia. Se a ideia era transformar o município de Conde na cidade leitora da Paraíba, ações ao longo do ano foram realizadas para a execução do projeto. E foi o que aconteceu durante 2019. Juca e Anastácia escolheram duas comunidades (Quilombo Ipiranga e Sítio Tambaba) e trabalharam temas como empreendedorismo, criatividade, arte e leitura com a população.

“Ao longo do ano, fizemos oficinas de reaproveitamento alimentar em parceria com a Fecomércio. Realizamos também a oficina Livro de arte, abordagem e criatividade, com Javier Quintanilla e outra sobre noções do meio ambiente. Levamos a jovem escritora premiada Isabor Quintiere para uma conversa com os estudantes. Enfim, é nisso que queremos atuar, dentro das comunidades, levando e adquirindo conhecimento e despertando a criatividade”, ressalta.

Para 2020, o plano é continuar as atividades nas comunidades e agregar outros locais ao projeto como as aldeias indígenas da região. “Queremos trabalhar a nossa ancestralidade junto às aldeias, com oficinas utilizando utensílios ligado às cerâmicas e adereços da cultura indígena”, completa Anastácia Alencar.