Fernando Haddad diz que Bolsonaro ‘fomenta a violência’ e ‘a cultura de estupro’

O candidato à presidência, Fernando Haddad, acusou neste sábado seu adversário de ultradireita, Jair Bolsonaro, favorito nas pesquisas, de fomentar “a violência” e “a cultura do estupro”.

“Meu adversário fomenta violência, inclusive a cultura do estupro, ele chegou a dizer para uma colega do parlamento que não a estuprava porque não o merecia. Você quer uma sinalização mais violenta do que essa em relação à sociedade?”, alertou Haddad em uma entrevista exclusiva com a AFP em São Paulo.

Bolsonaro, que obteve no primeiro turno 46% dos votos, contra 29% de Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), propõe liberalizar o porte de armas para combater a criminalidade, um dos temas mais controversos da campanha.

Para Haddad, o escolhido do ex-presidente Lula para substituí-lo na corrida à presidência, trata-se de uma resposta com limitações.

“Ninguém suporta a bandidagem. A questão é que as propostas do Bolsonaro, que são pouquíssimas, inclusive na área em que ele se diz especialista, não vão resolver”, disse o ex-prefeito de São Paulo, de 55 anos.

“Armar a população não vai resolver. Quem tem que prestar o serviço de segurança publica é o Estado. E, se o Estado não está prestando o serviço corretamente, nós temos que adequar o serviço. A minha proposta é que o governo federal, que hoje cuida pouco da segurança, passe a cuidar e a assumir parte das responsabilidades, sobretudo em relação ao crime organizado”, acrescentou.

Haddad: Bolsonaro “vai perder”

Haddad, que é professor de Ciência Política e Políticas Públicas, acredita que Bolsonaro perderá a eleição e que ele encontrará canais de diálogo com o Legislativo.

“Um professor tem muita mais chance de abrir um diálogo do que alguém como meu adversário, que nunca vi chamar ninguém para dialogar, que nunca aprovou nada relevante em 28 anos de mandato”, afirmou.

Haddad ressaltou que Bolsonaro “sempre incitou a violência”.

“Imagina uma pessoa que tem como herói um dos maiores torturadores do continente. Essa pessoa é que lidera as pesquisas, mas vai perder”, declarou.

Em uma sessão da Câmara dos Deputados, em abril de 2016, quando votou a favor de um julgamento de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro dedicou seu voto ao coronel aposentado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi, o serviço de inteligência e repressão da ditadura militar. Com informações do AFP