‘Travessia’ é cantada no enterro de Fernando Brant, fundador do Clube da Esquina

Foi enterrado na tarde deste sábado (13), no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, o corpo do músico Fernando Brant. Um dos fundadores do Clube da Esquina, o jornalista, compositor e escritor morreu aos 68 anos por complicações após o segundo transplante de fígado.

No enterro, família, amigos e fãs prestaram homenagens a Brant. Eles cantaram alguns dos maiores sucessos do compositor, como “Travessia” e “Canção da América”. Palmas também marcaram a última despedida.

Ao lado do jazigo estava Milton Nascimento, um dos maiores parceiros musicais de Fernando. “Minha vida não seria tão linda sem a presença dele”, falou Milton durante o velório do amigo. “Acho que a gente não deixou nada para falar um para o outro. O Fernando é uma das pessoas mais maravilhosas que eu conheci neste mundo”, falou com emoção. “A lembrança que eu tenho do Fernando é a lembrança de toda a minha vida”, disse Bituca.

“Fernando é uma pessoa que sempre gostou da vida”, resumiu o irmão de Fernando Brant, Moacir Brant, ao chegar ao velório do músico mineiro, na manhã deste sábado (13). O corpo do parceiro mais importante de Milton Nascimento foi velado no saguão do Palácio das Artes, uma das casas de espetáculos mais conhecidas da capital mineira.

O músico Tavinho Moura esteve no velório e relembrou, emocionado, da grande amizade com Brant. “Não tenho apenas uma lembrança dele, tenho milhões. Ele vai ficar comigo até eu morrer. Eu não vou vê-lo mais, é só isso, pelo resto da minha vida”, disse. Moura contou que, juntos, fizeram muitos shows, em que cantavam composições próprias e de outros artistas como Dorival Caymmi, Tom Jobim e Toninho Horta.

“A gente perde um grande amigo porque chegou a hora da partida. Fica a perda para os amigos e para a família”, disse um dos companheiros de carreira mais importantes, o músico Lô Borges. Lô lembrou que a música “Paisagem da Janela”, que compôs junto com Brant, é a canção que não pode faltar em nenhum show. “É um intelectual, um letrista, um jornalista. As coisas que ele fez vão ser aproveitadas pelo resto da vida”, comentou.

Vida de Fernando Brant
Natural de Caldas, Fernando Brant nasceu em outubro de 1946. Formou-se em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mais tarde atuou como repórter da sucursal mineira da revista “O Cruzeiro”. Mas foi como músico e compositor que ele fez sucesso.

Na década de 1960, conheceu Milton Nascimento, seu principal parceiro em mais de 200 músicas. Em 1967, compôs sua primeira música, “Travessia”, que se tornou um hit nacional na voz de Milton Nascimento.

Bituca, como Milton é carinhosamente chamado no Clube da Esquina, ainda interpretou outros clássicos de Brant, como “Canção da América”, “Nos bailes da vida”, “Maria, Maria”, “Planeta blue”, “Promessas do sol”, “O vendedor de sonhos” e “Encontros e despedidas”, entre outros.

Brant ainda formou parceria com os irmãos Borges, Beto Guedes, Tavinho Moura e Sirlan.

Em 1967, Brant participou do II Festival Nacional da Canção, na TV Globo, com três canções escritas em parceria com Milton Nascimento: “Morro velho”, “Maria minha fé” e o hit “Travessia”, que terminou em 2º lugar no evento.

Em 1968, participou do IV Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, com a canção “Sentinela”, cantada por Cynara e Cybele.

Em 1970, escreveu, com Milton Nascimento, a trilha sonora de “Tostão, a fera de ouro”, curta-metragem de Ricardo Gomes Leite e Paulo Laender, com destaque para a canção “Aqui é o país do futebol”. No mesmo ano, Milton Nascimento gravou outras canções de Brant, entre elas “Para Lennon e McCartney” e “Durango Kid”.

Em 1972, as composições “San Vicente”, “Ao que vai nascer” e “Paisagem na janela” foram incluídas no histórico LP “Clube da Esquina” , de Milton Nascimento e Lô Borges.

Em 1998, as canções “Janela para o mundo” e “Louva-a-deus” integraram o repertório de “Nascimento”, disco premiado com o Grammy.

Com informações do G1