Frances Haugen, ex-gerente de produtos do Facebook que revelou diversos documentos internos da empresa, prestou depoimento nesta segunda-feira (8) ao Parlamento Europeu. Entre outros pontos, ela afirmou estar preocupada com o metaverso planejado por Mark Zuckerberg.
“Estou extremamente preocupada com o metaverso, em parte porque acho que ilustra um ‘metaproblema’ do Facebook, que é que eles realmente gostam de seguir em frente”, disse Haugen, indicando que a empresa não trata adequadamente de questões controversas.
A ex-engenheira do Facebook voltou a afirmar que a empresa prioriza o crescimento em vez de garantir que seus produtos são seguros, como fez em outubro. Ela também questionou o plano da companhia de contratar de milhares de funcionários para desenvolver sua ideia de metaverso.
Segundo Haugen, um dos problemas com o universo virtual projetado pelo Facebook é a necessidade de haver mais sensores em casas e escritórios, o que faria a empresa ter ainda mais informações de seus usuários.
“O Facebook demonstrou que mente a qualquer hora que seja útil. A ideia de que devemos preencher nossas casas e escritórios com muito mais sensores de uma empresa que não é transparente, acho que é uma má ideia”, continuou.
A ex-funcionária do Facebook também considera perigoso o uso de ferramentas do metaverso em ambientes de trabalho.
Segundo ela, os funcionários que não se sentirem confortáveis em compartilhar mais dados com o Facebook podem não ter opção a não ser seguir o que foi determinado por seus empregadores.
“As pessoas muitas vezes não têm opção de dar consentimento sobre a tecnologia que é usada pelo empregador”, disse.
Haugen disse que o único ponto que considera positivo no metaverso do Facebook é o fato dele ter escala humana, isto é, os usuários permanecem em grupos pequenos, com cerca de 10 pessoas, no máximo.
O depoimento de Haugen ao Parlamento Europeu acontece poucos dias após o Facebook anunciar que sua controladora será chamada de Meta.
O nome substituiu o Facebook Inc. e será usado para se referir à empresa responsável por aplicativos Facebook, Instagram e WhatsApp, além da marca de dispositivos de realidade virtual Oculus.
A mudança ocorre após Haugen liderar o vazamento de vários de documentos internos da empresa, caso que ficou conhecido como “Facebook Papers”. O material revelou que o Facebook sabia que radicalizava seus usuários e que o Instagram é “tóxico” para adolescentes.
Do G1.