Ex-mulher de Bolsonaro forjou roubo de Land Rover para receber seguro, diz ex-funcionário

Golpe foi aplicado por ela e por um miliciano de Rio das Pedras, favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro, controlada por milicianos

O ex-empregado da família Bolsonaro Marcelo Luiz Nogueira dos Santos afirmou, em entrevista à coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, que Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, forjou o roubo de um carro, em fevereiro de 2008, para receber o valor de R$ 135.135 referente ao seguro do veículo.

De acordo com Marcelo Luiz, o episódio ocorreu quando Ana Cristina já estava separada de Bolsonaro. O automóvel seria da marca Land Rover, cujo modelo mais barato hoje não sai por menos de R$ 200 mil.

Marcelo Luiz afirmou que o golpe foi aplicado por ela e por um miliciano de Rio das Pedras, favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro, controlada por milicianos.

O suposto miliciano, também chamado Marcelo, teria sido um namorado de Ana Cristina, com quem ela se envolveu após se separar de Bolsonaro.

O carro teria sido escondido na oficina do suposto miliciano, no bairro da Penha, na Zona Norte da capital fluminense. Nos fundos da oficina, funcionava, segundo o ex-empregado do clã, um desmanche de carros.

Ana Cristina e o miliciano, de acordo com Marcelo Luiz, teriam fechado um acordo para ele esconder o carro enquanto ela reportaria o roubo e pediria o valor do seguro à seguradora Porto Seguro.

Marcelo Luiz diz que Jair Bolsonaro soube da tentativa de golpe e teria avisado a Porto Seguro sobre o plano, travando o pagamento e fazendo com que Ana Cristina ficasse sem o dinheiro e sem o carro.

“Bolsonaro desconfiou e a denunciou para a Porto Seguro. Tanto que o seguro foi embargado, e não saiu até hoje. Tem esse processo. Ela arrumou essa treta e ficou no prejuízo, porque o cara ficou com o carro, já era um acordo, e ela tomou prejuízo. Tomou esse golpe”, disse Marcelo Luiz. A sentença do processo movido por Ana Cristina, entretanto, aponta que a Porto Seguro foi condenada a arcar com o pagamento integral do seguro.

Mais de uma década depois, em 2018, Ana Cristina declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter apenas um automóvel: um Honda Fit de 2013, com valor de R$ 60 mil.

Procurada, a seguradora Porto Seguro afirmou que não se pronuncia sobre eventuais clientes.

Ação judicial

A coluna teve acesso ao processo que Ana Cristina moveu contra a Porto Seguro na 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca. Ela entrou com a ação alegando que o automóvel tinha sido roubado e que deveria ser ressarcida até o dia 2 de abril – dia seguinte ao suposto roubo – em R$ 135.135. Segundo a ação, a Porto Seguro alegou que o pagamento foi suspenso por determinação da autoridade policial, o que levou Ana Cristina a mover uma nova queixa, exigindo o pagamento de danos morais.

Ana Cristina foi denunciada pelos crimes de fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro e pelo de comunicação falsa de crime, mas acabou absolvida em fevereiro de 2011 por falta de provas.

Já a seguradora foi condenada a pagar os R$ 135.135 para Ana Cristina e a arcar com os honorários do processo. A ação por danos morais foi rejeitada pela juíza Erica Batista De Castro.

Em maio de 2011, o desembargador André Andrade, da Sétima Câmara Cível, rejeitou a apelação de Ana Cristina, que pedia a condenação da seguradora por danos morais, e acolheu um pedido da Porto Seguro para que corrigisse os juros que seriam aplicados ao montante devido à ex-mulher de Bolsonaro. O desembargador também julgou que os honorários teriam de ser divididos entre as partes.

Ouça

De Guilherme Amado, no Metrópoles