Quem está de passagem pela cidade de João Pessoa para promover uma clínica é Francielly Machado, ex-atleta da Seleção Brasileira de Ginástico Rítmica. Ela representou o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, como titular.
Francielly está ministrando uma clínica de treinamento para atletas da modalidade durante toda a semana, no Esporte Clube Cabo Branco, em dois horários: das 8h30 às 12h30 e das 14h30 às 18h30. Ela também está se dedicando para montar coreografias de competição para várias ginastas.
O foco principal do curso, segundo Thaysa Dutra, treinadora das equipes do Cabo Branco e Colégio Motiva, de João Pessoa, é reforçar o intercâmbio de conhecimentos da Ginástica Rítmica entre as ginastas e uma atleta profissional.
Francielly: da infância difícil às glórias na ginástica rítmica
Quando tinha seis anos, o tablado de Francielly Machado era o asfalto da rua onde morava, em Santo André, Cariacica. Os vizinhos, o público. E foi através de uma “fã” que a pequena deu seu primeiro salto em busca da carreira de sucesso.
Seu primeiro contato com a ginástica rítmica foi com uma colega, que começou a praticar o esporte e mostrava suas habilidades pelos corredores da escola. A espevitada Francielly também decidiu arriscar os movimentos e descobriu que levava jeito. Praticamente uma autodidata.
“Eu fui praticando na sala, na rua, quebrava os móveis (risos), e fazia tudo muito rápido. Teve um movimento que demorei uns dois dias para aprender e a menina da escola, que fazia aula, não conseguia”.
Durante os “treinos” na rua, uma vizinha, que era empregada doméstica na casa da ex-ginasta Tayanne Mantovaneli, viu que Francielly tinha talento e decidiu conversar com a patroa. E deu certo. A menina, aos sete anos, em 2004, conseguiu uma bolsa para fazer ginástica rítmica na UVV.
E foi uma crescente: em 2005 começou a competir, em 2006 passou a integrar o Clube dos Oficiais, em 2007 disputou seu primeiro Brasileiro de Conjunto, em 2008 Brasileiro Individual, em 2009 sua primeira competição internacional, a Gymnasiade…
Mas por trás do brilho, graciosidade, leveza e encanto das apresentações de Francielly, muito suor, esforço e determinação. O avô José Machado, a quem a ginasta dedica seu crescimento na modalidade, a levava aos treinos de ônibus até os 12 anos. Era cerca de uma hora para ir e mais uma hora para voltar.
Os aparelhos (maças, fita, bola e arco) eram caros e, sem muitas condições, a ginasta acabava ganhando ou comprando por um preço mais baixo das ginastas mais velhas, como Carol Garcia, Emanuelle Lima e Drielly Daltoé. Filha de uma costureira e um motorista, as viagens para competições eram bancadas pelo dinheiro que era arrecadado das rifas e apresentações que ela fazia na rua e na escola.
Despedida da Seleção Brasileira
Em janeiro do ano passado, Francielly Machado decidiu encerrar a carreira de ginasta na Seleção Brasileira. Ela era uma das atletas mais experientes do Conjunto Brasileiro. “Foram cinco anos na Seleção de Conjunto. O melhor período da minha vida. Durante esse tempo aprendi muito, evoluí, cresci e amadureci. Foram anos de muita dedicação e superação”, disse a ginasta à época.