Eu, menina e negra: conheça o projeto que empodera garotas e combate o racismo em Conde

Foi buscando uma sociedade mais justa e igualitária que a Escola Municipal Noêmia Alves, em Conde, criou um projeto de empoderamento feminino, aceitação e combate ao racismo, intitulado de “Eu, menina e negra”. A idealização do projeto, iniciado em 2015, foi da professora Rita de Cássia, que resolveu inserir no desfile cívico escolar do dia 07 de setembro uma ala chamada “negras africanas”.

Como alguns alunos não se sentiram representados, ela percebeu a necessidade de unir as várias culturas existentes na escola, que conta também com estudantes indígenas e quilombolas e fez a ampliação do projeto, para que os alunos se encontrassem em sua cultura.

Foto: Niedja Andrade/Paraíba Já

Sarah, 15 anos, é aluna do 9º ano e participa do projeto. Ela comentou como surgiu o grupo e quais são as pautas abordadas.

“O projeto trabalha com autoaceitação, empoderamento, feminismo e aborda temas sobre a luta contra o racismo, machismo e o preconceito. Aqui nós temos uma grande variedade de cultura. Temos os índios tabajaras da Mata de Xica e os quilombolas do Gurugi que não se identificavam com a ala das negras africanas no desfile. Foi aí quando a professora percebeu a necessidade que os alunos tinham de se encontrar culturalmente. Uma das alunas chegou e falou ‘eu, menina e negra, quilombola, com uma cor linda’, foi assim que surgiu o nome do projeto”, afirmou.

Outra aluna que sentiu as mudanças por meio do projeto foi a Mikaelly, de 15 anos. Ela lembrou que antes do projeto ser inserido na escola, as meninas sofriam com a baixa autoestima e tinham vergonha por serem negras, mas juntamente com a diretora da escola e os professores, a realidade foi mudada. Hoje, ela tem orgulho da sua cor e incentiva outras pessoas ao empoderamento.

“A gente sofria com o nosso corpo e por ser negra, mas os professores e a diretora sempre tentavam fazer com que nós nos aceitássemos como somos. O projeto nos mostrou que ser diferente não é um problema”, destacou Mikaelly Silva, de 15 anos.

Foto: Niedja Andrade/Paraíba Já

Para a estudante Thainá, o projeto foi importante para ampliar sua autoconfiança. Após isso, ela resolveu incentivar outras meninas, por meio das redes sociais, a enfrentar o preconceito e ganhar poder interior para expressar e defender seus direitos, fortalecer sua identidade, melhorar sua autoestima e, sobretudo, ter controle sobre suas relações pessoais e sociais.

“Desde pequena eu sempre sofri muito bullying por ser gorda, ter cabelo cacheado e pela minha cor. O projeto me ajudou muito, não só enquanto mulher na sociedade, mas também nas minhas relações com outras pessoas. Fui me empoderando mais e incentivando outras meninas, pelas minhas redes sociais, a fazerem o mesmo”, comentou.

De acordo com o dicionário, a palavra empoderamento significa “conceder ou conseguir poder; obter poder”. Com origem no inglês “empowerment”, o termo foi traduzido pela primeira vez pelo pedagogo e filósofo brasileiro Paulo Freire. Para ele, empoderamento designa a “capacidade do indivíduo de realizar as mudanças necessárias para evoluir e se fortalecer”.