Estúpido cupido: PMDB e PSDB se unem para fazer equação e anular Ricardo

Definitivamente, os tempos são de mudança. O furor mudanceiro é uma dança que se alastra feito fofoca na rua, na chuva e na fazenda. Mudança sobre cidades, campos e vilas. Que a tudo abala e contamina.

O assunto dominou uma reunião que tive esta semana com os deputados Rum Com Coca e Mazile Amável Siescafedeu. Imaginem só o que eles comentaram, sem pedir reservas.

No pulsante arco de alianças, anéis e tornozeleiras do PMDB com o PSDB, uma decisão que vai ao encontro dos novos tempos foi tomada.

Desde a semana passada, gestores, parlamentares, mentores intelectuais, marqueteiros e outros gurus partidários diretamente envolvidos com tudo o que aí está aposentaram os manuais de marketing e de estratégia política escritos por, e inspirados em, Carl Von Clausewitz, Cardeal Mazarino e Sun Tzu.

“Abaixo Duda Mendonça”. “Fora João Santana”. Essas postagens nos portais dos partidos aos pedaços só podem ser coisa de robô. Replicam-se à farta. E o que se vê é essa iconoclastia desalmada. Ninguém mais respeita gente de respeito.

Em nome da mudança, necessária, os gurus inspirados por seus líderes resolveram abandonar de vez aquelas referências do passado e adotar o códice que viralizou depois de ter vazado de um grupo. O título da obra já está nas redes sociais: “Manual de Pedro Bó – O apocalipse apolítico”

O primeiro laboratório, embrião de uma startup para formação de novas lideranças e gênios da estratégia, pôs em prática fundamentos da linguagem textual e imagética aplicados à conquista da opinião pública.

A ação de campo foi sequestrar mais de R$ 17 milhões destinados à obra do Viaduto do Geisel, esperança da população de João Pessoa, capital da Paraíba.

A obra é uma esperança porque garantirá quando inaugurada mais qualidade de vida a milhares de pessoas que usarão o equipamento. Todo santo dia. Menos acidentes de trânsito acontecerão, haverá menor exposição ao estresse, à violência, à dor

O viaduto possibilitará redução da poluição ambiental (menos gases poluentes, menos barulho), menor gasto com combustível, menos atrasos na vida de todo mundo.

Pois é. Vejam só. Do alto de suas tornozeleiras, os peemedebistas, tão aloprados que até parecem petistas, meteram a mão no dinheiro dos paraibanos. Retiraram da conta destinada a financiar o Viaduto do Geisel os recursos originários dos impostos pagos pela população. O que certamente os aloprados acham ser uma jogada genial para reduzir o impacto da presença do governador Ricardo Coutinho na arena eleitoral deste ano.

A equação da startup gerida pelo PMDB com apoio luxuoso do PSDB, coadjuvado pelo PSD do prefeito Luciano Cartaxo, deve ser: Ricardo+sem dinheiro=perda de popularidade. Traduzindo essa álgebra para a alta literatura, seria algo como: batatinha quando nasce se esparrama…

Soube que Wesley Safadão quer fazer uma música pra estourar ainda neste São João. Uma canção cheia de rima. Que seja capaz de traduzir pra baixo e pra cima o embate das paixões envolvidas no sequestro do dinheiro do viaduto. Um episódio que até pode virar minissérie global. O título provisório da canção do Safadão: Estúpido cupido.

Coisas da vida

O presidente Lula ficou melancólico outro dia. Soube que, em caso de não ter um papel para usar na hora de um aperto, não contará mais com a condução coercitiva do japonês da Federal.

Vocês lembram. Quando o juiz Sérgio Moro resolveu jogar petista no ventilador, e enfiou a PF no apartamento do Metalúrgico de Ouro, Lula não deixou por menos e perguntou: Cadê o japonês?

Já naquela época, Newton Hideroni Ishii enfrentava problemas com a Justiça sob acusações de facilitar contrabando.

Agora, ele está usando tornozeleira. Já pode se filiar ao PMDB. Mas não vai mais poder visitar Lula caso o presidente não tenha um papel para usar numa hora de aperto.

Esse episódio do agente é exemplar quanto a providências tomadas relativas a funcionário que transgride a lei. Entre os investigadores e especialistas de alto nível da Polícia Federal surgiu essa ovelha desgarrada, um policial bandido. Que está fora das ruas.

Da mesma forma, alimento a esperança… não. É uma certeza: entre tantos políticos bandidos, certamente há muita gente de bem.

(Reproduzido do jornal A União, edição de 15/06/2016)