O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou nesta terça-feira (26) o relatório ‘Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil’. Os dados são alarmantes: 27,4% das mulheres do país sofreram algum tipo de violência ou agressão no último ano. Quase 80% dessas agressões foram praticadas por um conhecido, como cônjuge, ex-companheiro ou até vizinho. E cerca de 40% das agressões aconteceram dentro da própria casa. Menos da metade das mulheres procuram algum tipo de ajuda para a violência sofrida.

Ainda de acordo com a pesquisa, mais de 4,6 milhões de mulheres sofreram uma agressão física (batidão, empurrão ou chute) propriamente dita no Brasil, em 2018. O que dá, em média, 536 mulheres por hora. Para violências de qualquer tipo, são 16 milhões de mulheres -1.830 por hora.

A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, explicou que o objetivo do estudo é produzir dados de qualidade sobre o tema, que permitam elaborar intervenções públicas efetivas no combate à violência contra a mulher. Devido à subnotificação dos casos, diz ela, os registros oficiais do estado não dão conta da dimensão do problema. “Queremos dar visibilidade para esses tipos de violência contra as mulheres que o poder público não consegue captar com as suas classificações.”

Na Paraíba, a deputada estadual Cida Ramos (PSB), eleita com o maior número de votos na história política do Estado, protocolou um pedido para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar casos de feminicídio na Paraíba. Para a parlamentar, diante do estudo da Fórum Brasileiro de Segurança Pública lançado nesta terça, as críticas feitas à iniciativa dela tornam-se insustentáveis e a CPI do Feminicídio passa a ser uma solicitação ainda mais urgente.

“As mulheres somam mais de 51% da população. Não há como construir políticas públicas sem considerar esse público. O que estamos discutindo aqui é o assassinato de mulheres, na maioria das vezes em decorrência do ódio. Meu objetivo é contribuir para que as mulheres não sejam mortas como estão sendo”, ressaltou.

A deputada alertou ainda que esse é o seu papel e que a CPI será, sim, instalada e provocará uma série de impactos importantes que devem culminar em políticas públicas concretas de enfrentamento à violência.

“É necessária uma discussão aprofundada, levantar elementos, esse é um tema não só da Paraíba, mas do Brasil. Os dados do Anuário de Segurança Pública são muito claros. Não há o que questionar. A CPI deve ser instalada e é meu papel, enquanto deputada, é, também, discutir a questão de gênero. Estamos esperando os trâmites legais para após o carnaval darmos andamento à CPI. A minha foi uma das primeiras CPIs protocoladas, e ela vai dar bons resultados. Quero articular os Poderes e a sociedade para que ela produza o que representa o feminicídio e aponte propostas concretas para enfrentar esse problema”, concluiu.