“Estado de Poesia” é reflexão sociopolítica, geografia de afetos, é o momento, diz Chico César

Neste sábado, dia 17, João Pessoa vai ficar, literalmente, em estado de poesia. E isso acontecerá a partir das 21 horas, quando Chico César subir ao palco do Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural para apresentar seu novo show, cujo repertório tem como base o seu último disco de inéditas, lançado este ano e que vem conseguindo boa repercussão junto à crítica especializada e ao público. No show, Chico estará acompanhado de artistas da terra e de sua banda, informalmente tratada de Os Novos Paraibanos. Os ingressos custam R$ 40,00 inteira e R$ 20,00 estudante.

Segundo explicou Chico César, no show de hoje não há nenhuma novidade específica com relação ao que vem sendo apresentado em outras capitais do país. É exatamente o mesmo show que foi apresentado recentemente no Sesc Pinheiros, em São Paulo, ou no Teatro Castro Alves, de Salvador. No show, são apresentadas as 14 músicas do disco “Estado de Poesia” e, se houver disposição por parte do público, acontece um segundo bis com alguma coisa conhecida como “Mama África”. “O repertório só muda em shows ao ar livre, quando fica meio a meio de músicas do disco novo e canções de outros momentos da carreira, e não é esse o caso. Será o repertório castiço do Estado de Poesia”, garante.

Chico César disse que é uma grande alegria trazer de volta essas canções ao berço “de onde elas saíram, ao roçado de onde brotaram”. Afinal, o disco foi praticamente gerado na Paraíba. Para Chico César, o fato de se apresentar em João Pessoa tem um componente afetivo enorme, incalculável, até. “Essas canções tem tudo a ver com este estado sociopolítico, com essa geografia dos afetos, com essa brisa. É desse ar que elas adquiriram textura e fibra”, ressalta.

A repercussão dos shows e do CD “Estado de Poesia” tem sido das melhores. “Sinto que tem sido muito bem recebido este disco, que as pessoas estavam sentindo falta de receber um novo leque de canções de minha lavra. Nesse sentido o show é uma celebração da busca por coisas novas, de não andarmos sempre pelos caminhos já conhecidos. Nesse sentido foi bom ficar sete anos sem lançar um disco de inéditas: as canções explodem em quem as ouve e voltam luminosas para nós”, comenta.

No show deste sábado no Paulo Pontes, haverá participações especiais de artistas paraibanos. Como já houve nos shows de São Paulo, com Escurinho e Seu Pereira, ou no de Fortaleza, com Luizinho Calixto. “A diferença é que em João Pessoa teremos a participação dos três, como no disco: Luizinho Calixto, Escurinho e Seu Pereira. Escurinho já é da banda, composta majoritariamente por paraibanos: Gledson Meira na bateria, Xisto Medeiros no baixo e Helinho Medeiros nos teclados. Apenas Livia Matttos, a sanfoneira, é baiana. E nós informalmente chamamos a banda de Novos Paraibanos”, relata.

Conheça as músicas do show:

Caninana, canção que abre o disco e que Chico César define como uma música bem nordestina, paraibana, mas com o sentimento de amor universal.

Cacarajus, feita para sua namorada. Ele, em Caracas no velório de Hugo Chávez, ela em Aracaju.

Estado de Poesia, a única música que não é inédita no disco. Foi gravada num DVD ao vivo de Maria Bethânia.

Palavra Mágica, canção que procura dar um novo sentido para a palavra “amor”, cantada de uma forma alegre, debochada, divertida.

Museu, canção que tem a ver com o fato de Chico César ter ficado seis anos na Paraíba.

Em Da Taça, a ênfase no delírio amoroso.

Miaêro utiliza os cofrinhos que as crianças usavam para guardar suas moedas como analogia para falar do desejo que cada pessoa tem de conhecer o Brasil.

Guru fala de uma pessoa tranquila, que só quer mandar uma mensagem de paz para o mundo.


Atravessa-me é uma canção sobre o movimento de algumas pessoas que atravessam a cidade para encontrar o outro.

Negão é uma música sobre o preconceito.

Quero viver é uma parceria com o poeta piauiense Torquato Neto, que se matou ainda jovem.

No Sumaré traz uma pegada muito paulistana, que vem de Adoniran Barbosa.

Alberto é uma homenagem a Santos Dumont, considerado o Pai da Aviação, que era homossexual e também se matou por conta da repressão que sofria.

Reis do Agronegócio é uma parceria com Carlos Renó e entrou de última hora no disco.

Por Linaldo Guedes, do Jornal A União.