Espetáculo ‘Anônimo’ é encenado no Teatro Paulo Pontes neste final de semana

Um espetáculo sem texto que lida com a dificuldade do indivíduo em se relacionar e se comunicar com o espectador por meio de gestos e de um jogo de alternância entre macro e micro movimentações. Essa é a proposta de “Anônimo”, solo de Eduardo Albergaria, que mostra a história de um homem vazio de expectativas que encontra em um pequeno vaso de planta a companhia ideal para seu isolamento. A direção e dramaturgia são assinadas por Vinícius Torres Machado. A peça entra em cartaz neste sábado (8) e domingo (9), com apresentações às 20h no Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. A entrada custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudante). O espetáculo se apresenta dentro do projeto Ocupação Funesc.

De acordo com a sinopse, “Anônimo” é um homem atônito. Vive sozinho, mas não se sente só. Não por demasiado amor próprio, antes talvez por total falta de emoção. Nada parece comovê-lo. Anônimo não é um “sem nome” – possui um! – embora não se recorde… Mas isso não o aflige, não é uma informação relevante em sua vida. Na verdade, sobrevida seria um termo mais adequado ao uso que o personagem faz de seus dias. Atravessa os dias como quem atravessa a rua, para chegar ao outro lado.

Este indivíduo se desloca no espaço, criando novos ambientes a cada instante. Mas suas ações não possuem finalidade aparente, o que resulta em uma comicidade trágica. Um indivíduo que é empurrado adiante por um relógio que insiste na ação de despertar para preencher a passagem do tempo.

Como surgiu – O diretor e dramaturgo Vinícius Torres Machado, após extensa pesquisa com máscara, procurou construir uma dramaturgia feita de pura movimentação, sem que a ausência de palavras interferisse na compreensão do espetáculo. “Anônimo”, porém, não tem apenas uma leitura possível, o espectador é convidado a preencher algumas “lacunas de sentido” com sua própria percepção de mundo. Esta característica “incompleta” da dramaturgia só reforça a condição anônima do personagem, possibilitando a cada espectador “emprestar” sua história para aquela figura.

O trabalho corporal de Eduardo Albergaria tem dinâmicas de tônus muscular como alicerce, sempre com o intuito de conduzir o olhar do espectador através do seu corpo. Para tanto, utiliza-se de alguns conceitos adquiridos em sua experiência como iluminador, tais como contraste, intensidade e ritmo. Trabalhando como iluminador e ator por mais de 15 anos, Eduardo concebeu a luz do espetáculo à medida que a dramaturgia ia se desenvolvendo, proporcionando um “diálogo” entre ator e luz semelhante ao de dois personagens. Concebido e construído pelo próprio ator, o cenário cria um espaço que, ao mesmo tempo, protege e aprisiona o personagem.

A materialidade cênica de “Anônimo” se completa com luz, cenário e interpretação, todos concebidos conjuntamente, num processo de descoberta integrada entre cenário-personagem-luz-dramaturgia.

Durante a criação do personagem, foram estudadas síndromes onde a relação entre indivíduo e sociedade tem alguma interferência. A pesquisa se focou no Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e autismo. A ideia nunca foi que estas síndromes se tornassem tema do espetáculo, mas que servissem como material do trabalho corporal, preenchendo e desencadeando imagens e estados corporais. Este material está presente no espetáculo e ajuda a reforçar o tema da solidão, porém só é observado nas “entrelinhas” da encenação, auxiliando na construção de um ambiente opressor que tem seu ápice no despertador que marca a passagem do tempo e a necessidade constante de seguir em frente.

OcupaçãoFunesc – A atração está inserida na programação de ocupação do Espaço Cultural, que está sendo intensificada neste segundo semestre de 2015. De acordo com o projeto, os espetáculos são convidados a se apresentar nos palcos da Funesc de acordo com a disponibilidade de pautas que surgem. Os grupos são isentos de pagamento de pauta para uso do teatro. O espaço e estrutura são cedidos pela Funesc mediante um percentual da arrecadação obtida por meio da bilheteria.

 

Serviço:

Espetáculo “Anônimo”, solo de Eduardo Albergaria

Data: 8 e 9 de agosto (sábado e domingo)

Hora: 20h

Local: Teatro Paulo Pontes (Espaço Cultural José Lins do Rego)

Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudante)

Informações: 3211-6214

 

Ficha técnica

Solo de Eduardo Albergaria

Direção e Dramaturgia: Vinícius Torres Machado

Direção Musical: Rui Barossi

Figurino: Eliseu Weide

Iluminação, Cenografia e Concepção: Eduardo Albergaria

Consultor Técnico: Marcos Pinto (Marcuti)

Operadores de Luz e Som: Marcelo Sampaio e Marina Duarte