Especialistas em saúde da PB criticam apologia de Bolsonaro ao desuso de máscaras

No F5 de hoje, o diretor do Clementino Fraga, Fernando Chagas, um médico emergencista e um pneumologista, deram suas opiniões científicas sobre o assunto

Especialistas paraibanos na área da saúde criticaram, em entrevista ao F5, nesta sexta-feira (11), a apologia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao desuso de máscaras por parte da parcela da população que já está vacinada ou ainda a quem já tiver contraído a Covid-19.

O diretor do Hospital Clementino Fraga e infectologista Fernando Chagas explicou a importância do uso de máscara na diminuição da taxa de transmissibilidade do vírus entre as pessoas.

“Qual o sentido do uso da máscara? Quando adquirimos o vírus independente de ter a doença, ou não e de ter sintomas, ou não, em outras palavras, você mesmo assintomático o vírus fica na mucosa nasal, ou na garganta. Ao contrair o vírus, só em falar, não precisa nem tossir, basta falar que você joga gotículas de saliva, que estarão com o vírus dentro. A máscara evita que essas gotículas sejam lançadas, que podem chegar a até 1,5 metro de distância. Mesmo não tendo ninguém próximo, você pode contaminar o ambiente, jogando essas gotículas da saliva em uma mesa, e outra pessoa que se debruçar [na mesa] e ter o contato com o vírus. A máscara é um instrumento de proteção importantíssimo e já foi mostrado em vários estudos o impacto que ela tem em diminuir a transmissibilidade”, explicou.

Para o professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e da Unipê, o médico emergencista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de João Pessoa, Robson Vieira, a declaração de Bolsonaro é “absurda” e ele ainda salientou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) só recomenda o não uso de máscaras no cado de zerar a transmissão comunitária do vírus, que não é a situação atual do Brasil.

“A declaração do presidente Bolsonaro, em relação a desobrigar o uso de máscara de quem já foi infectado, ou vacinado, é absurda. Esse governo não tem lastro na ciência. Ensina o negacionismo. A própria Organização Mundial da Saúde definiu que não tem como garantir imunidade permanente a quem é vacinado e a quem se infectou com o coronavírus. Muito provavelmente a doença vai precisar de vacinação permanente, como a influenza. Existe sim a possibilidade de quem já foi infectado, ou vacinado, ser o portador e transmissor do vírus. O uso de máscara é fundamental para barrar a transmissão. A OMS só recomenda o não uso de máscaras no contexto de zerar a transmissão comunitária do vírus. Coisa que no Brasil, definitivamente, não está acontecendo”, disse.

Apesar do desejo “universal” da população de querer deixar de usar a máscara, para o pneumologista Alexandre Araruna, no Brasil esse ainda não é o momento de para de usar esse instrumento de proteção, tão necessário para conter a contaminação e o avanço do vírus.

“Cessar o uso de máscaras é um desejo universal, de todos os seres humanos nesse momento. Em alguns países que estão mais avançados que nós, em termos de vacinação, e queda dos números evidentes da Covid, isso já é uma realidade, desejamos que isso aconteça no Brasil também. Simplesmente mandar as pessoas tirar às máscaras porque, eventualmente, já foram infectadas, ou vacinadas, ainda nesse volume de vacinação que ainda precisamos alcançar passos maiores nesse sentido, é algo que devemos questionar. Quando uma pessoa teve a doença não impede de adoecer novamente por outra cepa do vírus”, declarou.