Energisa Paraíba volta a liderar reclamações na Justiça; entenda

Empresa de energia elétrica teve um lucro de R$ 1,6 bilhão em 2020, valor 204,9% acima dos R$ 527,2 milhões registrados em 2019

Quando se fala em conta de energia, a relação entre consumidor e concessionária nem sempre é a melhor pelo histórico de precariedade na prestação de serviços em todo o país.

Na Paraíba, não é diferente embora ninguém hoje tenha saudades da extinta Saelpa (Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba), que foi privatizada e adquirida no ano de 2000 pelo grupo Cataguazes Leopoldina.

Com a aquisição da Saelpa por R$ 363 milhões, o grupo investiu pesado nos primeiros anos e sob o comando do então presidente Marcelo Silveira da Rocha ganhou a simpatia do consumidor paraibano pela eficiência e rapidez na solução dos problemas.

Na troca de Marcelo Rocha por André Theobaldo não houve maiores problemas. Em 2016 a Energisa Borborema foi avaliada como a melhor concessionária de energia elétrica do país, com até 500 mil clientes, na 18ª edição do Prêmio Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica).

Em 2017 a Energia Paraíba foi reconhecida como melhor empresa de energia do Brasil com mais de 500 mil clientes, junto com a paulista Elektro, a melhor empresa do Nordeste, a melhor gestão econômico-financeira e a melhor gestão operacional do país.

“Desde a saída do então presidente André Theobald, transferido para a Energisa Rondônia que a qualidade do serviço caiu”, revela um funcionário da concessionária que trabalha no setor de operações da Energisa Borborema.
Para o lugar de André Theobald, foi designado Ricardo Charbel que assumiu o cargo e passou muito tempo recluso por ter seu nome citado como doador da campanha de Aécio Neves para deputado federal de Minas Gerais, nas Eleições 2018.

“Charbel é um Engenheiro eletricista, extremamente educado vindo da Energisa Sergipe mas não manteve o pique dos presidentes anteriores e a empresa sentiu”, revelou um funcionário da Energisa Paraíba.

Em setembro próximo vai fazer um ano que a empresa trocou novamente de comando trazendo Márcio Zidan, que havia presidido a Energisa Tocantins, conquistando o tricampeonato no Prêmio Abradee (Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica), como a melhor distribuidora de energia da região Norte/Centro-Oeste com mais de 500 mil clientes e o bicampeonato do prêmio Aneel de qualidade e de satisfação do cliente na região Norte.

Todavia, Zidan parece não ter conseguido se adaptar ainda na cadeira de presidente da Energisa Paraíba e Borborema. Não circula, não conversa e apesar das inúmeras reclamações na imprensa ele segue num ritmo que tem preocupado colaboradores da empresa acostumados com a era de resolutividade das gestões de Marcelo Silveira e André Theobald.

Uma rápida pesquisa no google mostra as sucessivas condenações na justiça mostrando que a gestão da empresa realmente está à deriva nesses últimos anos. Quem ouve os programas de rádio nas principais cidades do Estado percebe que a quantidade de reclamações dos ouvintes também aumentaram muito.

É comum ouvir até entre os chefes de poderes (Executivo, Legislativo e Municipal) a ausência da presença institucional de uma das maiores geradoras de ICMS do Estado. “Caiu muito o nível do diálogo pois o Ricardo Botelho não gosta da Paraíba como o seu pai gostava “, revela o presidente de um desses poderes”.

Principais reclamações

Pedir uma nova ligação ou a mudança de um simples medidor é quase um parto hoje nas concessionárias da Energisa em João Pessoa e Campina Grande. Com a redução do quadro e dificuldades em solução de problemas, os colaboradores trabalham sob forte pressão psicológica.

Um deles chegou a revelar que o presidente Mário Zidan é metido a arroubos e grosserias com alguns colaboradores e isso tem prejudicado ainda mais o clima entre as equipes.

Usuários alegam que os sucessivos erros nas faturas acabam causando transtornos financeiros, perda de tempo e desgaste psicológico. Uma apreciação feita pelo Procon sobre os processos contra a concessionária, constatou 107 reclamações fundamentadas não atendidas, ou seja, foram processos que motivaram aplicação de multa, visto que a reclamação foi considerada procedente, mas a concessionária não a acatou.
Esse comportamento intransigente por parte da Energisa pode, segundo uma funcionária do órgão, ser interpretado como um descaso ao cidadão.

“É um desrespeito muito grande da concessionária que tem adotado uma postura que lesa o consumidor em relação aos serviços prestados. Ela afirma que está correta nas suas cobranças e resiste, de modo a dificultar qualquer tentativa de acordo no Procon. E, diante dessa falta de flexibilidade da concessionária, orientamos o cidadão a buscar as vias judiciais, pois lá ele tem logrado êxito”, desabafa.

Transformado em Grupo Energisa desde 2008, ainda sob o comando de Ivan Botelho, a holding que nasceu em Cataguases no interior de Minas Gerais expandiu suas atividades e hoje atua nas áreas de distribuição, geração, serviços e comercialização de energia elétrica, embora a distribuição ainda seja a principal base de seu negócio.

A Energisa teve um lucro de R$ 1,6 bilhão em 2020, valor 204,9% acima dos R$ 527,2 milhões registrados em 2019. A empresa, teve receita operacional líquida, sem receita de construção, de R$ 16,9 bilhões, um aumento de 6,2%. Já o Ebitda de 2020 apresentou uma alta de 12,3%, ficando em R$ 3,49 bilhões. Os números foram publicados pela própria Energisa em março deste ano.

Do Diário da Paraíba