Um total de R$ 16.272.933 foram recebidos pela Mercúrio Saúde Produtos Hospitalares Eireli e pela Kairós Segurança LTDA nos últimos seis anos da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), de acordo com dados do Sagres do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB). As empresas são citadas nas gravações divulgadas pelo Paraíba Já nesta segunda-feira (11) que apontam um suposto esquema de caixa 2 para financiar as campanhas eleitorais de 2018 através do superfaturamento de contratos com empresas.

Para as Mercúrio Saúde, o valor total repassado pela PMJP entre 2015 e 2018 foi de R$ 9.158.950. Os montante tem duas proveniências: do Fundo Municipal de Saúde (FMS), foram repassados R$ 8.279.694 entre 2015 e 2018; já do Instituto Cândida Cargas, foram repassados R$ 879.256 no mesmo período.

A Kairós Segurança LTDA, por sua vez, recebeu um total de R$ 7.113.983 entre 2013 e 2018. É válido destacar, ainda, que a Kairos teve alguns contratos com a PMJP cujos valores foram empenhados mas não foram pagos no ano de 2016, conforme aponta o Sagres e o que é apontado também nas gravações.

Entenda o caso

A gravação é de uma reunião entre os secretários de Saúde de João Pessoa, Adalberto Fulgêncio, e o de Desenvolvimento Social, Diego Tavares, em que combinam como arrecadar recursos públicos para a campanha eleitoral do ano passado. A Polícia Federal já estaria de posse áudio, seria a partir de escutas provenientes da Operação Irerês, que investiga o desvio de R$ 10 milhões da gestão do prefeito Luciano Cartaxo (PV).

O diálogo ocorreu no final de março de 2018, em que Diego, à época, ainda ocupava a superintendência do Instituto de Previdência de João Pessoa (IPM). Outras escutas envolvendo ‘figuras de proa’ da PMJP teriam sido feitas, mas o portal ainda não obteve para posterior publicação.

Adalberto sugere, ao longo da conversa, que o prefeito Luciano Cartaxo (PV) estaria sabendo das ‘operações’ e que até mesmo teria pedido para que o fizessem. “Vamos tentar resolver aqui para não ter que conversar com o prefeito. Por mim, dar até pra ir pra lá, mas acho que… Porque ele é igual a você. Num é isso?”, diz Fulgêncio. “Agora, se o prefeito chegasse aqui e dissesse ‘Adalberto, mande ele operar’, mas eu acho que é melhor ficar entre eu e você do que ficar com outras pessoas”, acrescenta o secretário de Saúde.

Durante a conversa, são citadas algumas empresas que poderiam servir aos propósitos, como é o caso da Mercúrio e da Kairós. falando sobre a Mercúrio, Adalberto diz, por exemplo, que criou uma relação com a empresa. “Aí eu criei uma relação de todo mês, um negócio aqui, outro aqui… então, eu criei uma relação de intimidade com ele. ‘Tu agora vai ajudar aqui’ e ele ajudou. Ele ajudou, eu não tiro a razão dele, que ele, que ele desvia, tá certo?”.

Ouça abaixo na íntegra o áudio da conversa entre os secretários: