Empresário alvo da PF por mensagens golpistas foi fiador de Aras na PGR

Antônio Augusto Brandão de Aras, indicado para o cargo de procurador-geral da República, durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado

Meyer Joseph Nigri, um dos empresários que foram alvo da operação da Polícia Federal (PF) na terça-feira (23) contra suspeitos de defender um golpe de estado em caso de vitória de Lula, foi o fiador da ida de Augusto Aras para o cargo de procurador-geral da República (PGR).

Dono da construtora Tecnisa, Nigri é uma liderança importante da comunidade judaica e amigo de Augusto Aras, que assumiu a PGR pelas mãos de Jair Bolsonaro (PL) mesmo sem estar entre os indicados para o cargo por meio da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) – tradição que era respeitada desde 2003.

O próprio Aras fez questão de ressaltar a proximidade com Nigri em seu discurso de posse na PGR.

“Ficaria difícil para mim nominar cada amigo. Então peço vênia para, em nome de Meyer Nigri, cumprimentar a todos presentes, especialmente aos amigos da Bahia aos quais não teria como nominar um a um e a todos os colegas e amigos aqui presente”, disse Aras à ocasião.

PGR se queixou sobre operação

A operação da PF foi deflagrada depois que o site Metrópoles revelou a existência de um grupo de WhatsApp chamado “Empresários e Política”, no qual os participantes trocavam mensagens golpistas.

A investigação tem por base a Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito, que incluiu no Código Penal a previsão de pena para quem “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”

Segundo “Metrópoles”, Nigri encaminhou ao grupo uma mensagem que dizia que o STF “será o responsável por uma guerra civil no Brasil” e outro que defendia a contagem paralela de votos na eleição por uma comissão externa.

Na terça-feira (23), horas depois de o “amigo” – nas palavras do próprio Aras – ser alvo da operação, a PGR divulgou uma nota queixando que não foi informada formalmente pel Supremo Tribunal Federal (STF) de que ela ocorreria.

Horas depois, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes – responsável por autorizar a operação – rebateu e disse, por meio de nota, que a PGR foi intimada na segunda (22), véspera da operação, em um gabinete no STF, e que, posteriormente, ainda na segunda, a decisão foi recebida pelo gabinete da vice-procuradora geral da República, Lindôra Araújo.

Do blog da Andréia Sadi/g1