Em vídeo gravado, Bolsonaro discursa na abertura da Assembleia da ONU nesta terça

País é alvo de críticas internacionais sobre política ambiental, e presidente deve falar sobre preservação. Encontro será virtual pela primeira vez

O presidente Jair Bolsonaro discursa nesta terça-feira (22) na 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Em razão da pandemia do novo coronavírus, é a primeira vez que o encontro será por meio virtual. O discurso de Bolsonaro será exibido em vídeo, gravado na semana passada.

Em um momento de críticas internacionais à política ambiental no Brasil, com aumento nos registros de queimadas na Amazônia e no Pantanal, o discurso de Bolsonaro deve tratar da questão ambiental.

Desde 1949, cabe tradicionalmente ao representante brasileiro fazer o discurso inaugural do debate-geral da ONU. Nas últimas sete décadas, chanceleres e presidentes subiram à tribuna em Nova York para falar em nome do Brasil.

Esta será a segunda vez que Bolsonaro abre o debate geral. Segundo a agência de notícias da ONU, os vídeos gravados pelos líderes dos países têm duração de até 15 minutos (relembre mais abaixo como foi o primeiro discurso de Bolsonaro na ONU).

Governos de outros países, empresários, investidores, ambientalistas, celebridades e organizações não governamentais criticam a política ambiental de Bolsonaro.

Na semana passada, oito países europeus alertaram que o desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros, e uma aliança entre ambientalistas e agronegócio cobrou medidas do governo brasileiro.

Nesta segunda (21), véspera do discurso de Bolsonaro na ONU, o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), disse que as críticas de “nações estrangeiras” sobre o desmatamento na Amazônia visam “prejudicar o Brasil e derrubar o governo Bolsonaro”. Heleno não citou nenhum país especificamente.

Pandemia

A pandemia do novo coronavírus será um dos temas abordados nos discursos dos chefes de Estado e de governo ao longo da assembleia geral da ONU.

Antes da abertura do debate geral, o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, afirmou a jornalistas que o encontro deste ano terá entre suas prioridades a recuperação dos países após a pandemia. Mudanças climáticas também estarão na pauta.

O debate geral ocorre em um momento em que o trabalho da Organização Mundial de Saúde (OMS) é criticado por líderes de países, entre os quais, Jair Bolsonaro e Donald Trump.

A expectativa é de que Bolsonaro aborde a pandemia no discurso, argumentando que o Brasil conciliou cuidados à saúde e à economia. O presidente reprova o isolamento social rígido e defende, há meses, a retomada das aulas e das atividades econômicas.

O Brasil é, nesta terça-feira, o segundo país com maior número de mortes por Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e terceiro em número de casos, segundo a universidade americana Johns Hopkins.

Na manhã desta terça, o Brasil tinha mais de 4,5 milhões de casos e 137 mil mortos, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.

Primeiro discurso

Em 2019, no primeiro discurso no debate geral da assembleia da ONU, Bolsonaro defendeu a soberania do Brasil na Amazônia e criticou “um ou outro país” por se portar “de forma colonialista”. Segundo ele, a floresta permanecia “praticamente intocada”.

O presidente também desaprovou a situação política da Venezuela e de Cuba. Bolsonaro declarou que se empenhava para que outros países não experimentassem o “nefasto regime” da Venezuela.

Na área econômica, o presidente destacou os acordos firmados entre o Mercosul e a União Europeia e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio, além da agenda de concessões e privatizações do governo.

Do G1