Em jogo eletrizante, Brasil e Holanda empatam e adiam a classificação

Debinha, Marta e Ludmila fizeram os gols da seleção brasileira, mas as holandesas Miedema (duas vezes) e Dominique Janssen também deixaram sua marca

Imagem: Kohei CHIBAHARA / AFP

Holanda e Brasil empataram hoje (24) em 3 a 3 pela segunda rodada da fase de grupos do futebol feminino nas Olimpíadas de Tóquio. Debinha, Marta e Ludmila fizeram os gols da seleção brasileira, mas as holandesas Miedema (duas vezes) e Dominique Janssen também deixaram sua marca no Estádio de Miyagi e determinaram a igualdade no placar de um jogo equilibrado e disputado em alto nível.

As duas seleções somam quatro pontos no Grupo F, mas a Holanda está à frente pelo saldo de sete gols contra cinco do Brasil. Marta chegou a 13 gols em todas as suas participações olímpicas e se isolou como segunda maior artilheira da história do torneio em sua modalidade — Cristiane tem um a mais.

A última rodada da fase de grupos será disputada na terça-feira (27). Às 8h30, o Brasil enfrenta a Zâmbia em Saitama, enquanto a Holanda tem pela frente a China no Estádio Internacional de Yokohama, em jogos que definirão as classificadas e posições. Zâmbia e China têm um ponto.

Ludmila desequilibra

Acionada por Pia Sundhage no intervalo na vaga de Formiga, a atacante foi fundamental no volume de jogo brasileiro para além do pênalti sofrido e do gol marcado num intervalo de quatro minutos. Desde a entrada ela procurou o lance pessoal no um contra um, pressionou a saída das holandesas e deu intensidade com bola no pé. Num jogo de muitos detalhes, o ponto de desequilíbrio foi a qualidade técnica da camisa 12.

Falhas de Bárbara

Entre os principais destaques da seleção brasileira na estreia, a goleira teve um dia para esquecer na segunda rodada e falhou em dois gols da Holanda, marcados por Miedema e Dominique Janssen. Nos dois lances ela chegou a encostar a mão na bola, mas sem a firmeza necessária para evitar os gols. Num jogo cheio de alternativas, foi o que fez a diferença para o Brasil não vencer.

Jogão desde o começo

Os primeiros minutos de bola rolando deixaram duas coisas claras: o alto nível que se esperava desse confronto; e como cada vacilo seria imperdoável. No primeiro ataque da Holanda, Tamires deixou muito espaço para o cruzamento de Lynn Wilms, Érika errou uma tentativa de antecipação sobre Miedema e o Brasil já saiu perdendo contra um adversário complicado. Pouco depois do susto houve marcação de um pênalti sobre a própria Érika, mas o lance foi anulado depois de quatro minutos com consulta à arbitragem de vídeo por impedimento.

Apesar do susto defensivo, a seleção brasileira estava inteira em campo e tentou propor o jogo com ataques rápidos e quase sempre em superioridade, muita troca de passes e intensidade sem bola. Num lance pessoal de Debinha com apoio de Duda na linha de fundo pelo lado de direito é que saiu o gol de empate, mas outras jogadas se desenvolveram inclusive na bola parada, como num cabeceio de Rafaelle já nos acréscimos.

A Holanda também criou, teve chances com Miedema e Roord no primeiro tempo baseada num jogo de contra-ataques em velocidade. Apesar de o Brasil marcar bem, era um jogo que dava espaço entre as linhas de marcação e quase sempre no limite do erro nas tentativas de desarme. Então, se as holandesas conseguiam romper a primeira pressão vinha problema em direção à área de Bárbara.

“Pernas frescas” no Brasil

Desde o começo, um jogo de detalhes, nuances e estratégias, com os times ajustando suas propostas de acordo com as possibilidades. Pia Sundhage veio com três mudanças no intervalo. Justificou em entrevista coletiva ontem (23) que queria “pernas frescas”. Ludmila entendeu o recado e tentou uma série de lances pessoais para cima da marcação holandesa. Foi assim que ela sofreu um pênalti aos 17 do segundo tempo, convertido por Marta. O problema é que pouco antes disso Miedema tinha feito o segundo gol num erro da goleira Bárbara.

Mas a receita estava pronta e não tinha razão para mudar mesmo com o erro defensivo: põe a Ludmila para correr. Numa saída de bola da Holanda, Nouwen evitou que Debinha finalizasse, mas recuou fraco e permitiu a chegada da camisa 12 para colocar o Brasil em vantagem pela primeira vez. A reação da Holanda veio em batida de falta de Dominique Janssen no canto direito de Bárbara, que até encostou na bola.

Os gols

As holandesas abriram o placar muito cedo, logo aos dois minutos do primeiro tempo. Lynn Wilms cruzou na área, Érika errou a antecipação e Miedema finalizou de perna esquerda no cantinho de Bárbara. A seleção brasileira reagiu e alcançou o empate aos 15, quando Debinha recebeu cruzamento de Duda e precisou de duas tentativas para vencer a goleira Van Veenendaal.

A Holanda fez 2 x 1 no placar aos 13 minutos do segundo tempo, com Miedema após cruzamento de Danielle de Donk. Houve um erro triplo na marcação brasileira, mas o principal foi da goleira Bárbara, que chegou a encostar na bola e não evitou o gol. Resiliente, o Brasil empatou cinco minutos depois em cobrança de pênalti de Marta e virou aos 22, com Ludmila aproveitando erro em recuo de bola de Nouwen. Aos 33, Dominique Janssen empatou pela Holanda em batida de falta que Bárbara não conseguiu defender.

FICHA TÉCNICA
HOLANDA 3 x 3 BRASIL

Competição: Jogos Olímpicos de Tóquio, 2ª rodada do Grupo F
Local: Estádio de Miyagi, em Miyagi (Japão)
Data/hora: 24 de julho de 2021 (sábado), às 8h (de Brasília)
Árbitra: Kate Jacewicz (Austrália)
Assistentes: Kyoung Min Kim e Seul Gi Lee (ambas da Coreia do Sul)
VAR: Erick Miranda (México)
Cartões amarelos: Stefanie Van der Gragt, Jill Roord (Holanda), Ludmila (Brasil)

GOLS: Miedema, aos 2/1ºT (1-0), Debinha, aos 15/1ºT (1-1), Miedema, aos 13/2ºT (2-1), Marta, aos 18/2ºT (2-2), Ludmila, aos 22/2ºT (2-3), Dominique Janssen, aos 33/2ºT (3-3).

HOLANDA: Van Veenendaal; Lynn Wilms, Stefanie Van der Gragt, Nouwen e Dominique Janssen; Jackie Groenen, Jill Roord e Danielle de Donk; Van de Sanden (Beerensteyn, aos 21/2ºT), Miedema (Pelova, aos 42/2ºT) e Martens. Técnica: Sarina Wiegman.

BRASIL: Bárbara; Bruna Benites, Érika, Rafaelle e Tamires; Formiga (Ludmila, no intervalo), Andressinha, Duda (Angelina, no intervalo) e Marta (Geyse, aos 29/2ºT); Bia Zaneratto (Andressa Alves, no intervalo) e Debinha. Técnica: Pia Sundhage.

Do UOL