Em discurso no ABC, Lula afirma: “não podemos permitir que os milicianos acabem com esse país”

Emocionando em cima de um carro de som no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, o ex-presidente Lula fez um discurso na tarde deste sábado (9), um dia após ter sido solto de sua prisão política em Curitiba, onde ficou por 580 dias.

“Vocês não têm dimensão do que significa o dia de hoje para mim”, começou Lula, agradeceu a militância. “Lá em cima tá o helicóptero da Rede Globo de Televisão para falar merda outra vez sobre o Lula e sobre nós”, provocou em seguida.

Lula criticou o juiz que lhe condenou, Sergio Moro, hoje ministro de Bolsonaro, fez críticas à Lava Jato e lembrou do dia em que foi levado para ser preso pela Polícia Federal, no mesmo local, há um ano e sete meses.

“Quando um ser humano tem clareza do que ele quer na vida, do que ele representa e de que seus algozes estão mentindo, eu tomei a decisão de ir lá pra PF – eu poderia ter ido para uma embaixada, para outro país – porque eu precisava provar que o juiz Moro não era um juiz, era um canalha que tava me julgando. Que o Dallagnol não representa o MP, montou uma quadrilha com a força-tarefa da Lava Jato, inclusive para roubar dinheiro da Petrobras e das empreiteiras. Se eu tivesse saído do Brasil, eu seria tratado como fugitivo”, afirmou.

Lula disse, porém, que se preparou “espiritualmente para não ter ódio”. “Quando eu saí daqui eu tinha uma missão. Fiquei numa solitária e durante 580 dias eu me preparei. Me preparei para não odiar meus algozes. Eu dormia com a consciência tranquila”, disse.

O ex-presidente fez críticas pesadas ao governo Bolsonaro e chamou a militância para a luta, sem ter medo de ameaças de ditadura.

“Eu acho que não tem outro jeito. Não tem ninguém que conserta esse país se vocês não quiserem. Não adianta ficar com medo, ficar preocupado com as ameaças que eles fazem na televisão de que vai ter miliciano, vai ter AI-5. Este país é de 210 milhões e não podemos deixar que os milicianos tomem conta”, disparou.

“Eu não posso ver, aos 74 anos de idade, ver essa gente destruindo o país que nós construímos”, completou. Em seguida, Lula voltou a dizer que “está disposto a voltar a andar por esse país”.