Egito liberta jornalista da Al-Jazeera que passou quatro anos na prisão

O Egito libertou o jornalista Mahmoud Hussein, da rede Al-Jazeera, após mais de quatro anos de prisão, sob a acusação de “divulgar informações falsas”. Ele estava em prisão provisória desde dezembro de 2016, e foi liberado na quinta-feira (4).

A A-Jazeeira denunciou em várias ocasiões a detenção de Hussein sem acusação formal, processo ou condenação. A emissora afirmou que ele sofria “física e mentalmente por esta detenção arbitrária”.

O Observatório Egípcio para o Jornalismo e os Meios de Comunicação publicou em uma rede social que o tribunal penal do Cairo decidiu na segunda-feira libertar Hussein, suspeito de “incitação à sedição e de divulgação de informações falsas”.

Os apelos pela libertação de Hussein haviam se tornado mais intensos, começando pela Anistia Internacional.

Em maio de 2019 um tribunal ordenou a liberação do jornalista, mas uma semana depois foram anunciadas novas acusações, e ele continuou detido.

Mahmoud Hussein trabalhava para a Al-Jazeera na sede da emissora, em Doha. Ele foi detido em dezembro de 2016, poucos dias depois de desembarcar no Egito para passar férias com a família.

Em junho de 2017, o Egito rompeu relações com o Catar. Os egípcios acusavam os catares de apoiar a Irmandade Muçulmana, considerada pelo Cairo uma organização terrorista.

As relações bilaterais foram retomadas em 20 de janeiro, como parte do processo de reconciliação regional iniciado dias antes entre o Catar e outros países da região.

Para Andreas Krieg, professor no King’s College de Londres, a libertação pode ser um “gesto de boa vontade do Cairo em relação a Al-Jazeera, que continua sendo o principal obstáculo em sua relação com o Catar”.

A Al-Jazeera foi considerada uma espécie de tentáculo da Irmandade Muçulmana e se viu no meio do fogo cruzado entre Egito e Catar depois que Mohamed Mursi, membro deste movimento, foi deposto como presidente do Egito em 2013. O Cairo proíbe o acesso ao site da emissora desde 2017.

O governo do presidente Abdel Fatah al Sisi, no poder desde que a Irmandade Muçulmana foi deposta em 2013, é acusado frequentemente por ONGs de tentar calar a oposição, islamita ou laica.

As autoridades egípcias negam as acusações e afirmam que sua intenção é lutar contra o terrorismo e a instabilidade.

Do G1.