Economia está ruim ou péssima para 70% dos brasileiros, diz CNI

Instituto entrevistou presencialmente 2.016 pessoas, com idade a partir de 16 anos, em todos os estados do país entre os dias 18 e 23 de novembro

Sete em cada dez brasileiros estão pessimistas quanto à situação econômica do Brasil e avaliam que a economia está ruim ou péssima, segundo pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) feita pelo Instituto FSB.

Na visão dos entrevistados, 47% classificam a situação econômica do país como péssima, 23% acham que está ruim, 21% consideram regular, 7% dizem estar boa e apenas 1% vê como ótima.

O cenário atual —de inflação e desemprego elevados, volta da fome, baixo crescimento previsto para o ano que vem, aperto nos juros e perda de fôlego na recuperação após os piores momentos da pandemia— parece se refletir no desânimo do brasileiro.

Moradores de Heliópolis fazem Marcha da Panela Vazia. Na foto, uma mulher bate em uma panela e outra segura um cartaz em que se lê
Moradores da favela Heliópolis, na zona sul, fazem Marcha da Panela Vazia contra desemprego, falta de renda e fome nas periferias – Marlene Bergamo 24.nov.2021/Folhapress

Em 12 meses, até outubro, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), avançou 10,67%, e, nesta quarta-feira (8) o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) para 9,25% ao ano.

No caso da percepção de inflação, 73% dos entrevistados pela CNI avaliam que os preços aumentaram, 15% dizem que ficaram iguais e somente 8% veem uma diminuição (enquanto 3% não souberam responder).

Neste contexto, a maioria esmagadora (75%) dos brasileiros se dizem afetados ou muito afetados pelo aumento de preços e 10% avaliam que foram pouco ou nada prejudicados pela inflação.

Além disso, para 54% a inflação ainda deve aumentar, e 74% dizem que tiveram de reduzir gastos para atravessar a situação de aperto na economia.

Do ponto de vista do mercado de trabalho, outro dado preocupante: o medo de perder o emprego, que vinha caindo, voltou a crescer, de 52%, em julho, para 61%, em novembro. Para 16% o temor é muito grande, para 24%, ele é grande, e para 21%, é médio. O percentual dos que não têm qualquer receio encolheu de 32% para 21% da população empregada.

Pelos dados mais recentes, a desocupação medida pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua era de 12,6% no terceiro trimestre.

Ao compararem a situação econômica com a de crises passadas, 49% dos brasileiros acreditam que a crise atual é mais grave e 31% dizem que é tão grave quanto cenários negativos anteriores. Entre os mais otimistas, 14% avaliam como menos grave e 2% acham que o momento atual não é grave. Os que não souberam opinar são 3%.

Famílias comem lagartos e restos de carne para enganar fome no RN
Famílias comem lagartos e restos de carne para enganar fome no RN

Olhando para os últimos seis meses, 56% dizem acreditar que a economia piorou e 22% consideram que melhorou. Ao olhar para o futuro, nos próximos seis meses, o sentimento já é dividido: 34% imaginam que a situação irá melhorar, enquanto 32% anteveem uma piora.

Segundo o presidente da CNI, Robson Andrade, a solução para reverter a situação em que o Brasil se encontra passa necessariamente pelo investimento em inovação e pela aprovação de reformas estruturantes que melhorem o ambiente de negócios no país.

O instituto entrevistou presencialmente 2.016 pessoas, com idade a partir de 16 anos, em todos os estados do país entre os dias 18 e 23 de novembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Da Folha de S.Paulo