É preciso meter a colher! Uma campanha pela vida das mulheres – feminicídio zero!

25 de novembro: Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Violência contra a Mulher

*Por Valquiria Alencar

Informar, Conscientizar e Mobilizar a sociedade em geral e, em especial, as mulheres que sofrem violência doméstica, eis o objetivo desta Campanha denominada “É Preciso Meter a Colher!”, uma iniciativa do Cendac junto com diversas parcerias.

Uma ferramenta importante para entender/compreender/enfrentar a violência doméstica é a informação – precisa, acessível e objetiva, daí, a importância de se espalhar conhecimento e compartilhar reflexões, que tragam luz para essa chaga social e familiar, um fenômeno complexo e multifacetado que permeia as relações entre mulheres e homens (e a família como um todo) em (quase) todos os âmbitos da vida das mulheres desde crianças até o seu extremo ou o seu suspiro final, o feminicídio. Mulheres de todas as camadas sociais, etnias e regiões do nosso país.

Para muitas mulheres, o “até que a morte nos separe” não são votos de uma relação digna e duradoura, nem uma metáfora. Mas, sim, o desfecho final de toda uma vida de violência, de negação de direitos, de desrespeitos. Essa é a história muitas Marias… próximas ou distantes de nós, personagens de um mesmo drama com vivência semelhantes, mas todas e cada uma com a sua particularidade, mas com muito Des-Amor.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, foram registrados 258.941 casos de violência contra a mulher no Brasil
Os números nos assustam, mas eles ainda não retratam a vida real. Muitos ainda carecem de registros nos devidos órgãos para que sejam contabilizados. E quantas conseguem denunciar? quantas conseguem superar o medo do agressor, as ameaças, os apelos familiares, a vergonha, os dogmas religiosos, as dificuldades de acesso, a esperança de que ele vai mudar e, principalmente, o Amor que ela interioriza que tem?

Antes de tudo, é preciso encorajar esta mulher, resgatar sua auto-estima, a sua auto-valorização e a consciência para o fato de que ela é uma vítima e precisa reagir. Pode ser uma palavra, um gesto, uma atitude, um sinal. Um segundo fator, mas não menos importante, é se dar conta da tolerância familiar e social para com a violência doméstica, que cerca essa mulher, em diferentes níveis, mas toda ela culturalmente sedimentada nas mentes e corações da humanidade.

A magnitude da violência doméstica e sexual ainda não está devidamente dimensionada, mas ela é a expressão do próprio exercício de poder e de dominação do homem sobre a mulher no espaço doméstico, que vem a ser o lócus principal da prática da violência, a casa, o espaço privado e inviolável que possibilita total liberdade para agredir e também para garantir a impunidade.

É fato que a violência doméstica é uma questão cultural, portanto, se aprende e se ensina pelo exemplo, tanto o agressor quanto a vítima. A cultura da desigualdade de gênero está justamente nas raízes do sofrimento físico e mental, violação de direitos e feminicídio que atingem as mulheres de todas as idades, raças, etnias, religiões, culturas, orientação sexual, mas principalmente na banalização da violência contra a mulher.

O que é Banalizar a violência contra a mulher?
É direta ou sutilmente insinuar que, de alguma forma, a mulher tem culpa ou responsabilidade no que lhe aconteceu, buscar justificativas mil para o agressor, distorcer os fatos ou minimizar qualquer ato de violência.

A perspectiva da Campanha Pela Vida das Mulheres – Feminicídio Zero! que será lançada pelo Cendac é ampliar as possibilidades de mudança de mentalidade e comportamental de homens e mulheres em relação às relações de gênero em toda a sua amplitude. É lutar para que tenhamos um mundo sem violência contra as mulheres e pelo Feminicídio Zero!

*Feminista e Presidente do Cendac