Dois meses: Operação Cartola identifica corrupção no futebol da Paraíba, mas não pune culpados

Há dois meses, o futebol paraibano passava a viver um novo momento em sua história com a realização da Operação Cartola, exatamente um dia após a final do Campeonato Paraibano. Para uns, o suposto esquema revelado pelas investigações não era nenhuma novidade, já que muitos dos envolvidos davam vários sinais das práticas antiesportivas, mas para outros foi duro golpe, afinal a Paraíba e o Brasil agora sabem que todas as suspeitas se confirmaram através de escutas telefônicas. Porém, a pergunta que ainda ‘martela’ a cabeça do tão sofrido torcedor é: o que mudou nesses 60 dias?

Como se tornou caso de polícia, outro questionamento que é frequente nas rodas de conversa é: alguém responderá criminalmente ao final dessa história? A ação abalou o futebol estadual e fez com que a Federação Paraibana de Futebol (FPF) se transformasse em algo muito semelhante a um cemitério: cheio de mistério, mas ainda rodeado de muito silêncio e interrogações.

Esse clima aumenta dia após dia e começa a provocar uma inquietação na comunidade esportiva paraibana. Nomeado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e instalado na Paraíba desde o dia 17 de maio, o grupo intervencionista capitaneado pelo advogado mineiro Flávio Boson Gambogi, que também é auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), ainda não se pronunciou oficialmente, emitindo apenas uma nota falando sobre o adiamento de algumas competições organizadas pela FPF.

Além da queda do presidente Amadeu Rodrigues, as ações judicial e policial também fizeram com que caísse o ex-árbitro José Renato Soares (que comandava a Comissão de Arbitragem), além de provocar a CBF para que a entidade afastasse os árbitros paraibanos que integram o quadro nacional, hoje impedidos de trabalhar em qualquer competição.

A Operação Cartola foi fruto de um trabalho da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba. A ação teve como objetivo desarticular um suposto esquema que reunia dirigentes, clubes e árbitros que promoviam práticas como manipulação de resultados, adulteração de documentos, interferência em decisões da Justiça Desportiva e desvio de valores das rendas dos jogos.

De acordo com a Polícia Civil, as investigações que envolveram essa primeira parte da operação duraram sete meses e os relatórios finais já foram entregues ao Gaeco. A expectativa agora fica por conta de um posicionamento do Ministério Público, que deve oferecer denúncia e um segundo momento deste processo possa acontecer, que neste caso, envolverá a Justiça Criminal.

24 pedidos de prisão – Segundo um relatório da Polícia Civil na investigação, a que o Correio da Paraíba teve acesso, foram solicitados à Justiça alguns pedidos de prisão para dirigentes e árbitros.

CARTOLA EM DETALHES

  • sete meses de investigação quatro clubes investigados por núcleos independentes
  • 93 interrogatórios/depoimentos coletados
  • 120 pessoas investigadas
  • 150 telefones interceptados
  • 5.362 páginas
  • 127.478 ligações telefônicas analisadas em toda a operação

TIPIFICAÇÃO DOS CRIMES – Organização criminosa Crimes do Estatuto do Torcedor ameaça coação no curso do processo

*Com informações do Jornal da Paraíba