A engenheira Luciana Torres Maroja Santos, esposa do secretário de Infraestrutura de João Pessoa, Cássio Andrade, de fato esteve envolvida nos processos burocráticos para autorização de disponibilidade de recursos para a obra de revitalização do Parque Solon de Lucena, a Lagoa.

Contrário às manifestações do auxiliar do prefeito Luciano Cartaxo (PSD), de que ela estaria afastada de todo e qualquer projeto referente à Prefeitura da Capital, os documentos disponibilizados no portal do Sistema de Convênios (Siconv) mostram que, até a 10ª medição da obra, ela participou, indireta ou diretamente, da equipe da Gerência de Governo (Gigov) em João Pessoa, que viabilizava a liberação dos recursos federais para a obra.

Abaixo, seguem documentos que estão assinados digitalmente por Luciana, que ocupava a coordenação do Gigov, à época.

Saque de recursos

Todos estes documentos de autorização de desbloqueio para saque de recursos são referentes às primeiras medições da obra de reabilitação da Lagoa, que abrangeu a drenagem e dragagem e demolição e construção de novo muro de contenção do entorno da Lagoa.

A última medição em que Luciana figura como uma das funcionárias da Gigov é justamente a 10ª, datada em novembro de 2015. As posteriores, ela não mais operou nenhuma transação referente a obra, conforme os documentos obtidos pela reportagem.

No entanto, há uma coincidência temporal. É justamente entre os meses de outubro e novembro de 2015 que a Controladoria Geral da União (CGU) cobrava resposta da Prefeitura de João Pessoa sobre as irregularidades encontradas pelos auditores fiscais, resposta que posteriormente foi anexada ao relatório.

Concunhado nada administrativo

Quando surgiram, por parte da bancada de oposição ao prefeito Luciano Cartaxo, denúncias de um possível tráfico de influência que envolvia diretamente o secretário Cássio Andrade, este imediatamente negou, afirmando que a esposa, e também seu concunhado, Marcos Rodrigues dos Santos Junior, gestor de obras da empresa responsável pela revitalização da Lagoa, a Compecc, ambos estariam apenas exercendo cargo administrativo ou que sequer participava de qualquer operação referente à obra.

O fato é que um gestor de obras não necessariamente é apenas um cargo administrativo. A profissão também exige administração direta da mão de obra, ou seja, acompanhamento da edificação, construção in loco. E assim fez o concunhado de Cássio, como é possível atestar na imagem abaixo, divulgada pela própria Prefeitura de João Pessoa.

Documentos revelam tráfico de influência na liberação de recursos na obra da Lagoa
Marcos aparece apontando para uma máquina, em uma das muitas fiscalizações feitas pelo prefeito Luciano Cartaxo