Discurso de posse: Bolsonaro diz que missão é livrar país da corrupção e submissão ideológica

Em seu primeiro discurso como presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) pediu nesta terça-feira (1º) um “verdadeiro pacto nacional” entre a sociedade e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na busca de “novos caminhos para um novo Brasil” e afirmou que vai livrar o país da corrupção e da “submissão ideológica”.

“Aproveito este momento solene e convoco, cada um dos congressistas, para me ajudarem na missão de restaurar e de reerguer nossa pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica”

Durante o discurso, Bolsonaro acenou várias vezes para sua base e reafirmou suas promessas de campanha.

Ao dizer que atendeu a um chamado das ruas, o presidente afirmou que vai combater a ideologia de gênero, valorizar a família e promover reformas estruturantes. “Na economia traremos a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência. Confiança no compromisso de que o governo não gastará mais do que arrecada e na garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitados.”

Bolsonaro disse ainda que uma de suas principais missões é revigorar a democracia brasileira. “Uma de minhas prioridades é proteger e revigorar a democracia brasileira, trabalhando arduamente para que ela deixe de ser apenas uma promessa formal e distante e passe a ser um componente substancial e tangível da vida política brasileira, com o respeito ao Estado Democrático.”

No momento em que o termo de posse foi assinado, antes da fala de Bolsonaro, houve gritos de “Chupa, PT”, em meio à impaciência pela demora no ato.

Ao fim do discurso, milhares de pessoas que se aglomeraram na Praça dos Três Poderes gritaram repetidamente “mito”, apelido pelo qual ele ficou conhecido entre seus apoiadores.

Em sua fala, Bolsonaro também agradeceu aos eleitores que, segundo ele, foram às ruas após “inimigos da pátria” tentarem tirar sua vida. O presidente foi vítima de uma facada no dia 6 de setembro de 2018 na cidade de Juiz de Fora (MG), durante um ato de campanha eleitoral.

“(…) Quando os inimigos da pátria, da ordem e da liberdade tentaram pôr fim à minha vida, milhões de brasileiros foram às ruas. Uma campanha eleitoral transformou-se em um movimento cívico, cobriu-se de verde e amarelo, tornou-se espontâneo, forte e indestrutível, e nos trouxe até aqui”, discursou.

O público vibrou quando Bolsonaro foi chamado pela primeira vez de “excelentíssimo presidente da República”, por Eunício Oliveira. Assim que Bolsonaro cumprimentou os colegas, foi celebrado pelos parlamentares. Os deputados gritam pra Bolsonaro: “É nóis aqui!”

Uma profusão de celulares de deputados e dos filhos de Bolsonaro registrava a posse.

Armas e legítima defesa

Bolsonaro, que já anunciou que pretende liberar a posse e o registro de armas de fogo por meio de um decreto, afirmou em seu discurso que o “cidadão de bem” merece ter “meios para se defender”. Ele então fez menção ao referendo de 2005, quando a proibição da venda de armas no Brasil foi rejeitada por quase dois terços do eleitorado.

“O cidadão de bem merece dispor de meios para se defender, respeitando o referendo de 2005, quando optou, nas urnas, pelo direito à legítima defesa”

Em seguida, fez menção ao trabalho policial e acenou ao Congresso, pedindo seu “apoio” para que esses profissionais atuem com “respaldo jurídico”.

“Vamos honrar e valorizar aqueles que sacrificam suas vidas em nome de nossa segurança e da segurança dos nossos familiares. Contamos com o apoio do Congresso Nacional para dar o respaldo jurídico aos policiais para realizarem seu trabalho”, disse.

O presidente, que é capitão reformado do Exército, também afirmou que as Forças Armadas terão as “condições necessárias” para defender a soberania, o território nacional e as instituições democráticas, além de proteger as fronteiras do país.

O discurso de Bolsonaro durou dez minutos e aconteceu durante sessão solene de posse no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. No Congresso, Bolsonaro foi recepcionado pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB). Com UOL.