Diretoria do Botafogo-PB rebate denúncia da oposição e fala sobre Breno Morais

Atual diretoria do Alvinegro da Estrela Vermelha aciona o STJD para excluir Breno do processo eleitoral do clube

A diretoria do Botafogo-PB adotou um tom áspero na coletiva de imprensa que promoveu na tarde de sexta-feira para cima da oposição. O corpo diretivo, que busca a reeleição no pleito de outubro, usou o espaço para se defender de denúncias formuladas pela oposição do clube de que a diretoria, em outubro do ano passado, supostamente buscou fraudar o programa dos sócios do clube para distorcer o processo eleitoral. Além disso, também acionou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por entender que o ex-dirigente Breno Morais não tem direito de participar das eleições do clube.

Sobre as acusações da oposição, o presidente Orlando Soares – que é candidato à reeleição – garantiu que ele e seus aliados têm como provar que não houve qualquer tentativa de fraudar o programa de sócios com vistas a se beneficiar no processo eleitoral marcado para este mês.

“Estamos aqui para esclarecer com dados a real situação dessa disputa. A diretoria foi acusada pela oposição de estar manipulando as eleições. A gente tem como rebater mostrando o seguinte: de todos aqueles nomes que eles irresponsavelmente publicaram, nenhum consta na chapa para ser eleito ou tampouco ter direito a voto”, disse o presidente do clube, Orlando Soares.

A denúncia partiu de um ex-funcionário, Leonan Lúcio, que era um dos responsáveis pelo programa de sócios do clube no ano passado. Leonan disse que George Dias (assessor do ex-presidente do Botafogo-PB, Sérgio Meira) mandou ele colocar no sistema, no último dia de prazo para que pessoas se associassem e tivessem direito de participar das eleições do clube neste ano, 23 novos sócios.

O ex-funcionário alegou que se sentiu coagido, visto que as só podem se associar pela loja do clube ou pelo site. Segundo ele, nenhuma associação havia sido feita por deliberação pessoal de um dirigente ou assessor de diretor, sem fichas de inscrição e sem o dinheiro referente à adesão. Essa suposta tentativa de fraude aconteceu, segundo ele, no dia 11 de outubro de 2019, um ano antes da eleição deste ano. Leonan disse, em depoimento lavrado em cartório, que, nesse dia, não colocou os nomes dos sócios no sistema.

O ex-funcionário explica que, dois dias depois, em 13 de outubro, recebeu o dinheiro dos novos sócios e o pedido, por George Dias, de que a data de ingresso dos sócios fosse colocada para o dia 11. Leonan disse, segundo testemunho, que não faria isso.

“Estiveram no meu endereço residencial e me entregaram a importância de R$ 4.945,00 (quatro mil, novecentos e quarenta e cinco reais), referente à quantidade de 23 (vinte e três) inscrições de sócios contribuintes (23 x R$ 215,00 = R$ 4.945,00) e, neste momento, me exigiram para assinar o recibo com data retroativa ao dia 11/10/2019, mediante a ameaça de demissão, sendo que apesar do risco de demissão, recusei-me a assinar o recibo com a data retroativa ao dia 11/10/2019 e datei o recebimento do dinheiro no dia em que efetivamente me foi repassado, ou seja, dia 13/10/2019”, relatou o funcionário em seu depoimento.

Por conta dessa denúncia, a diretoria do Botafogo-PB resolveu se defender. Orlando Soares, que também é candidato à reeleição, ainda garante que quem quer fraudar as eleições é a oposição.

“Do outro lado é o inverso. Nós temos sim alguns nomes que foram inseridos no sistema, que era um sistema de gestão anterior, e temos como provar que todos esses nomes são fraude”, comentou.

Breno vai votar?

Se depender da diretoria, não. O fato é que os diretores atuais do Botafogo-PB reservaram um bom tempo da coletiva para mostrar que não concordam com a presença do ex-vice de futebol do clube no processo eleitoral.

Presidente do Conselho Deliberativo e candidato a vice na chapa da situação, Luciano Wanderley revelou que o clube oficialmente enviou um ofício ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para informar ao órgão o que ele chama de “comportamento inadequado” de Breno Morais.

“Ele responde um processo de banimento do esporte em geral. Ele foi banido por CBF e Fifa, mas quer estar dentro de um clube, comandando uma chapa de oposição. E, para resguardar o clube de danos futuros, resolvemos fazer esse comunicado ao STJD, falando das atitudes do referido cidadão. Inclusive agressões verbais a diretores e conselheiros, promovendo cenas desagradáveis dentro do clube. Nosso jurídico nos orientou de que ele não pode votar ou ser votado porque ele é banido do futebol”, comentou.

Breno Morais foi afastado do clube em 2018 por conta de uma denúncia da Polícia Civil e do Ministério Público, consequência da Operação Cartola, por supostamente integrar uma organização criminosa que manipulava resultados no futebol paraibano. O ex-dirigente é réu em duas ações, mas ainda não foi julgado. No STJD, ele foi condenado ao banimento do futebol em decorrência dessas denúncias.

Na esfera criminal, Breno teve todas as medidas cautelares revogadas pela Justiça, de modo que, atualmente, o dirigente pode frequentar praças desportivas e até a sede do clube. Ele ainda é sócio benemérito do Botafogo-PB, e até agora o clube não abriu nenhum processo administrativo contra o dirigente.

Já à noite, Breno Morais emitiu uma nota à imprensa repudiando o tom adotado pela diretoria do Botafogo-PB e argumentou que tem sim direito de participar da vida política do clube. Confira abaixo, na íntegra, a nota do ex-dirigente do Belo:

“A diretoria do Botafogo-PB, em sua gestão temerária, e o presidente do Conselho Deliberativo usam da mentira e de dissimulação para realizar ataques pessoais a mim. Primeiramente me excluíram arbitrariamente da votação das contas do clube de 2019, quando não havia qualquer objeção legal para que eu acompanhasse a sessão. Desta vez retiram meu direito de participar das eleições na condição de sócio benemérito do clube a partir de um entendimento deliberadamente distorcido. Os responsáveis por essa pirotecnia estão tão perdidos em suas próprias mentiras e decisões desastrosas que não entendem os verdadeiros efeitos da decisão do STJD, a qual demonstro pleno respeito.

Não há qualquer impedimento jurídico para que eu frequente a sede do Botafogo, ou de qualquer praça desportiva desde que as medidas cautelares referentes aos processos em que ainda estou sendo julgado na Justiça comum caíram. Não há muito menos qualquer tipo de embargo para que eu acompanhe um reunião da comissão eleitoral, ou ainda de demonstrar apoio público a alguma chapa que concorre ao pleito. Nada me impede, judicialmente, como torcedor, nem como assessor, de apoiar as candidatura de Alexandre Cavalcanti à presidência do clube e de Alcedo Gomes à presidência do Conselho Deliberativo.

O que a diretoria do Botafogo em conluio com o presidente do Conselho Deliberativo fazem é reproduzir uma distorção, contar mais uma mentira à torcida e à imprensa, para desviar o foco dos verdadeiros problemas do clube em suas finanças e dentro de campo, além de tentar esconder a verdadeira fraude cometida por eles para tentar vencer as eleições deste ano, comprovada em ata notarial, com documentos fidedignos.

Se a justiça paraibana, por quem eu tenho o mais profundo respeito, retirou minhas medidas cautelares, quem são a diretoria e o presidente do conselho para me proibirem de alguma coisa? As mentiras sobre mim não vão me intimidar de fazer o que é melhor pelo clube, nem de apoiar quem eu tenho certeza que vai fazer um trabalho muito melhor no comando do nosso amado Belo”.

Do GloboEsporte PB