Diretor do Clementino Fraga diz que alta de ocupação em UTIs é “assustadora”

No programa 'F5', o médico infectologista lamentou o fato de uma parcela da população continuar minimizando os crescentes números da Covid-19

O médico infectologista e diretor do Hospital Clementino Fraga, Fernando Chagas, não visualizou um cenário positivo nos próximos dias para a pandemia da Covid-19 na Paraíba, caso a transmissibilidade do vírus não seja freada. No programa F5, da 89 Rádio Pop, desta quinta-feira (25), o médico deixou claro que não pretende passar pânico para os paraibanos, mas, de acordo com ele, é necessário tratar o assunto de forma informativa e verdadeira.

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Para Fernando, o aumento é grande e assustador e, apesar da rede hospitalar no Estado não ter colapsado, uma hora a capacidade de abrir leitos vai acabar e a solução é diminuir a transmissão pelo coronavírus rapidamente.

“É um aumento tão grande, tão assustador, que por mais que as medidas estejam sendo tomadas, a gente não está colapsando, mas estamos mantendo uma ocupação muito alta, então, ou frear esse aumento, ou em uma hora a capacidade de abrir leitos vai acabar. Uma hora esse limite chega e quando chegar, o que vai restar de todos nós? Ou a gente freia a transmissibilidade, ou o caos tende a chegar”, alertou.

Para ele, apesar de toda informação divulgada pelo vírus, uma parcela da população continua minimizando o número crescentes de casos e mortes causadas pelo novo coronavírus.

“Não se trata de passar pânico para ninguém, se trata de informar e levar a verdade. A gente trazendo a verdade e como as coisas estão acontecendo, ainda assim é um negacionismo absurdo. As pessoas tentam minimizar, mas como se pode minimizar dois milhões e meio de pessoas que se foram. Diante do negacionismo, precisamos trazer a realidade, de uma forma tal como ela existe”, afirmou.

Um cenário sobre o aumento de casos nas últimas semanas foi traçado pelo infectologista. Na segunda-feira (15), a ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) foram crescendo de um pouco mais de 40% para 52%, a partir daí a porcentagem não teve mais diminuição.

“Segunda passada nós tínhamos, aqui em João Pessoa, 52% dos leitos de UTIs ocupados. Tínhamos 100 leitos que poderiam ser utilizados naquele momento, na grande João Pessoa. Quando foi identificado esse aumento, os leitos começaram a ser ampliados,  seguindo o plano estadual e municipal de abertura de leitos, conforme aumenta a ocupação. Lá no Clementino aumentamos cinco leitos de UTI. A ideia era que se aumentar os leitos, vai cair a porcentagem. No dia seguinte nós tínhamos 60% de ocupação. 48 horas depois, tínhamos 68%, tendo já 10 leitos novos abertos no Santa Isabel. Nós fomos aumentando dia a dia o número de leitos e a ocupação só subia”, relatou.

No sábado (20), de acordo com Fernando o Estado chegou a uma ocupação de 77% das UTIs. Dois dias depois, na segunda-feira (22), os números subiram para 90%, mesmo com a abertura de mais 140 leitos. Desde então, a ocupação das UTIs não tem chegado a menos que 70%, de acordo com o infectologista.