Dia do pais: guarda compartilhada não é sinônimo de distância e desapego

Segundo domingo de agosto, dia de homenagear aquele que é considerado um exemplo nas famílias, mesmo os que não moram mais junto dos filhos e sempre procuram um jeito de marcar presença. Aqui, uma história de quem pratica a guarda compartilhada e que não aceita ser apenas pai de fim de semana e pensão, mas que faz questão de participar integralmente da vida dos filhos, mesmo separados.

Nilo Montenegro é pai de Davi, de 4 anos. Entre eles estão 120 quilômetros. Depois que a saudade se tornou o único combustível entre os dois, Recife e João Pessoa se tornaram mais próximas do que são. Se não fosse o amor, o carinho, a cumplicidade que cultivam e a guarda compartilhada entre os pais, essa história não seria a mesma.

Pais separados, Estados vizinhos e um amor de rotina que não se percebe em quem convive diariamente com o pai.

Tudo começou quando Nilo e a ex-mulher (mãe de Davi) iniciaram um processo de separação e, por motivos profissionais, ela foi morar em Recife com o filho. Uma peça muito importante nesse meio não poderia, jamais, se abalar ou sofrer. O menino Davi foi resguardado pelos pais que, conscientes, optaram pelo melhor para o pequeno, seja como filho, seja como homem. Decidiram, pai e mãe, pela guarda compartilhada, uma decisão que não estabeleceu regras de visitas, afinal, a presença de um filho nunca foi obrigação. É necessidade de afeto.

“Essa decisão que a gente tomou, da guarda compartilhada, foi muito pensando nele, no melhor para Davi. Pensamos em como poderíamos fazer para que ele sempre tivesse a referência de mulher, homem, mãe e pai”, Nilo relata.

“Então a gente tentou conversar bastante para que todas as ações tomadas minimizassem o impacto de uma separação para Davi, de não ter mais o pai e a mãe dentro de casa”.

Mas a saudade começa antes mesmo da despedida. No começo, Nilo conta que foi difícil. “Foi uma coisa que eu nunca imaginei: ter meu filho tão longe”. Os questionamentos não puderam deixar de ocupar a mente, enquanto no coração apertado pulsava apenas amor e um sentimento nostálgico capaz de levá-lo a grandes dúvidas: “Será que isso vai me afastar dele? Será que ele vai se esquecer de mim? Será que ele vai me ter como referência de pai? Quem vai dar orientações para ele? Que amizades ele vai ter?”.

Mas, contrariando Vinícius de Moraes, do pranto fez-se o riso. Davi, rapidamente, com sua delicadeza e inocência de quem entende a vida mais facilmente que os adultos, mostrou ao pai que o contato, aproximação e a afinidade  dependeriam apenas da qualidade do tempo que passariam juntos. E desde então, Davi tem em Nilo uma forte referência de pai. E de felicidade.

Do Jornal A União