Deputados eleitos na onda do bolsonarismo apresentam desempenho ruim em pesquisas

Nenhum deles aparece com chance de ir ao segundo turno; insucesso é atribuído ao racha do próprio partido

Com 136.742 votos, a professora Dayane Pimentel (PSL-BA) foi a candidata à Câmara dos Deputados mais votada da Bahia em 2018. Na ocasião, ela se identificava como a “Federal do Bolsonaro” e foi uma dos 52 eleitos pelo seu partido na onda do bolsonarismo. Dois anos depois e rompida com o governo, Dayane amarga 2% nas intenção de voto para a prefeitura de Feira de Santana (BA), o que indica que ela deve ficar fora de um eventual segundo turno na disputa municipal.

Além de Dayane, outros seis deputados da bancada do PSL na Câmara, ex-partido do presidente Jair Bolsonaro, disputam prefeituras pelo País. Nenhum deles aparece nas pesquisas com chance de ir ao segundo turno. Quem chega mais perto disso é o deputado Professor Joziel (PSL-RJ), candidato em São João de Meriti (RJ). Ele aparece em terceiro, com 11,8% das intenções de voto.

Na capital paulista, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) – que desponta com 2% das intenções de voto na mais recente pesquisa Ibope/TV Globo/Estadão – atribui o insucesso dos deputados do PSL a uma indefinição do próprio partido. “Um dos fatores que fez com que isso acontecesse foi a guerra declarada contra o PSL por esse grupo dos bolsonaristas”, disse. “Quem olha para o partido se pergunta, é o PSL da Joice que conversa que dialoga, liberal, mas com cabeça racional? Ou é o PSL do Eduardo Bolsonaro (deputado federal e filho do presidente)? Que sai por ai fazendo meme, atacando e xingando?”, disse ela, que também rompeu com o governo. Joice, no entanto, acha que os resultados das urnas podem ainda surpreender.

Divisão no PSL

Até então nanica, com apenas quatro eleitos, o PSL se tornou uma superpotência partidária em 2018 na onda do bolsonarismo. Após eleger 52 parlamentares, a bancada rachou poucos meses depois. O pano de fundo da briga foi a disputa pelo controle dos recursos públicos destinados à sigla entre o presidente Jair Bolsonaro e o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), que comanda a legenda desde 1994. O resultado foi desfiliação de Bolsonaro e a criação de duas alas antagônicas, a dos “bolsonaristas” e dos “bivaristas”.

O deputado Heitor Freire (PSL-CE) foi um que ficou do lado dos “bivaristas”. Atualmente, ele disputa a prefeitura de Fortaleza e apareceu com 2% das intenções de votos (7º lugar) para a prefeitura da capital cearense, de acordo com pesquisa O Povo/Datafolha divulgada na quarta-feira.

“O meu foco agora é apresentar a pessoa do Heitor, não tenho padrinho político. Sou um cara preparado, sou de direita, conservador. O momento agora não é mais daquela discussão ideológica. As pessoas agora estão preocupadas com falta de remédio e com a economia”, disse o deputado.

No Rio de Janeiro, o deputado Luiz Lima (PSL-RJ), vice-líder do governo de Bolsonaro na Câmara, está em quinto lugar nas pesquisas. Ele não respondeu à reportagem. Ainda na lista da bancada do PSL na disputa por prefeituras aparecem Ricardo Pericar (PSL-RJ), em quarto lugar nas pesquisas locais para a prefeitura de São Gonçalo (RJ). Pericar e Joziel não foram encontrados pela reportagem para comentar.

O deputado Loester Trutis (PSL-MS) chegou a apresentar candidatura para a prefeitura de Campo Grande, mas depois de uma disputa interna o partido decidiu manter o nome de Vinícius Siqueira como o candidato da legenda.

Do Estadão