Deputado paraibano está entre os que mais gastaram com viagens em 2023, aponta O Globo

Lista inclui destinos turísticos e de negócios, como Lisboa, Nova York, Las Vegas, China, Israel e São Paulo

O deputado federal paraibano Romero Rodrigues (Podemos-PB) aparece na ponta do ranking dos parlamentares que mais gastaram com viagens em 2023, segundo levantamento de O Globo. A lista completa inclui destinos turísticos e de negócios, como Lisboa, Nova York, Las Vegas, China, Israel e São Paulo.

“Fiz viagens apenas dentro do país, representando a comissão. Tudo aprovado pelos membros, com convite extensivo à participação democrática de todos”, disse Romero  Rodrigues ao Globo. Ele é presidente da Comissão de Turismo da Câmara.

Ao todo, os deputados federais já participaram de 380 viagens em missões oficiais neste ano, um aumento de quase quatro vezes em relação a 2022, quando houve 105 deslocamentos. O número de 2023 é o maior desde 2019, ano em que foram autorizadas 522 viagens.

O valor gasto pela Câmara dos Deputados em 2023 chegou a R$ 5,7 milhões até agora nesta área, incluindo passagens e diárias. Apesar de as normas preverem um planejamento com antecedência para a compra dos bilhetes, há ocasiões em que eles são adquiridos em cima da hora, elevando os preços.

Em 44 das viagens, a justificativa foi acompanhar o presidente Lula em missões internacionais. Parlamentares participaram das comitivas do petista para China, Angola, Estados Unidos e Portugal, por exemplo. Em outras 30 ocasiões, os congressistas acompanharam o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em idas a Estados Unidos, Índia e Catar.

O deputado que mais viajou é Danilo Forte (União-CE): 11 vezes, quatro delas para fora do país. Em uma das ocasiões, esteve em uma comitiva que participou inicialmente de um congresso de telecomunicações em Barcelona. A jornada se estendeu para Tel Aviv, também a convite do Ministério das Comunicações.

O deputado publicou um vídeo nas redes sociais no Muro das Lamentações, em Jerusalém, a 70 quilômetros de Tel Aviv.

“Deus me deu a oportunidade de conhecer Jerusalém, essa terra santa, de muita fé e orações”, afirmou o deputado na ocasião.

De acordo com a Câmara, os deslocamentos devem servir para o cumprimento de “missão inerente ao mandato”. Em nota, Forte afirmou que todas as missões oficiais nacionais ocorreram no âmbito de audiências públicas regionais para tratar da elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, da qual é relator.

Em nota, Fernando Rodolfo também afirmou que participou das missões na condição de presidente da comissão e que todas as agendas foram propostas por outros membros do colegiado e aprovadas pelos seus integrantes.

A “guerra ideológica” também compõe o roteiro. Em setembro, o deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde, passou por quatro cidades na Europa, onde participou de eventos promovidos pelo Movimento Yes Brazil USA e a Associação Veritas Liberat, movimentos conservadores. Lá, deu palestras sobre a situação política na América do Sul e afirmou nas redes sociais que a missão foi “uma oportunidade única de quebrar estereótipos e compartilhar a verdade sobre nossa nação”.

Em agosto, o deputado Abílio Brunini (PL-MT) deu uma palestra em Massachusetts (EUA) intitulada “Fiscalização e Combate à Esquerda”. Procurados, Pazuello e Brunini não comentaram.

Para cobrir os gastos dos deputados, a Câmara paga R$ 524 em diárias para viagens nacionais, US$ 391 na América do Sul e US$ 428 para outros países. A norma estabelece ainda que o pedido de concessão de passagens aéreas deverá ser formalizado com a devida antecedência, “com vistas à reserva das passagens e obtenção de preços mais vantajosos”.

Deputados afirmam que o trâmite interno por vezes é demorado, o que provoca custos de valores expressivos. As passagens para o deputado Eros Biondini (PL-MG) ir de Brasília a Xangai, na China, custaram R$ 72 mil, de classe executiva. Os mesmos bilhetes custaram R$ 13 mil para outro deputado.

Na sexta-feira, uma simulação mostrava que uma viagem de ida e volta entre Brasília e Xangai, saindo no dia seguinte e ficando uma semana fora do país, oscilava entre R$ 45 mil e R$ 111 mil. O mesmo trecho, de classe econômica e com três meses de antecedência, oscilava entre R$ 10 mil e R$ 14 mil.

“Fui um dos deputados convidados para a missão do governo de Minas e da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), que gerou quase R$ 1 bilhão em investimentos. Foi importante a minha presença como membro da Comissão de Relações Exteriores para o resultado da viagem. Não sei sobre os outros (deputados). Sei que a Câmara seguiu os trâmites normais para viabilizar a missão”, afirmou Biondini.

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De O Globo