Deputado paraibano dispensa depoimentos é é acusado de ‘blindar’ empreiteiros em CPI

Hugo Motta se defende de acusações
Hugo Motta preside a CPI da Petrobras

Apesar de ter convocado empreiteiros investigados na Operação Lava Jato, a CPI da Petrobras blindou-os de questionamentos e dispensou dois ex-executivos de prestarem depoimentos nesta terça-feira (26).

O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), com o respaldo do relator Luiz Sérgio (PT-RJ), liberou o ex-executivo da Camargo Corrêa João Auler e o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, de serem questionados pelos integrantes da comissão após eles terem informado que se reservariam ao direito de permanecerem calados.

É a terceira vez que o deputado paraibano dispensa um empreiteiro. Na semana passada, o ex-executivo da Engevix, Gerson Almada, também havia sido liberado de seu depoimento. As empresas são financiadoras de campanha de integrantes da CPI, inclusive do presidente e do relator.

Parlamentares fizeram críticas à decisão de Hugo Motta, chamando-a de “monocrática”, e alertaram que poderia passar a impressão de que houve uma armação para proteger os empreiteiros. Isso porque depoentes anteriores, como o ex-diretor Renato Duque, não haviam sido dispensados mesmo avisando que ficariam em silêncio. Continuaram sendo questionados e criticados pelos parlamentares, acabando inclusive respondendo a algumas perguntas.

O ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) também havia dito que não falaria mas, prestando depoimento à CPI durante ida a Curitiba, acabou revelando que o ex-diretor Paulo Roberto Costa foi uma indicação do ex-presidente Lula.

“Queremos é ter oportunidade de ouvir a todos, mesmo aqueles que estão em silêncio. Minha preocupação é que possa parecer para a opinião pública que há uma organização aqui para poupar os empreiteiros. Antes de os empreiteiros sentarem aqui, nós ouvimos inclusive aqueles que ficaram em silêncio”, discursou o deputado Aluísio Mendes (PSDC-MA).

O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado de Motta, defendeu a decisão dizendo que a CPI não é “delegacia”.

A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) rebateu: “Esta comissão tem instrução e tem força judicial pra fazer o seu papel. Se a gente abre mão, então vamos fechar a CPI. Se a gente não pode convocar, quebrar os sigilos, então vamos lá para os outros plenários fazer os outros papéis”.

Hugo Motta se defendeu das críticas afirmando que não quer defender “teatro” na CPI. “Não vou ficar aqui sete, oito horas, não é porque tenho preguiça de trabalhar, não. Acho que é inócuo, improdutivo, não contribui em nada”, afirmou o parlamentar paraibano.

As informações são da Folhapress.