Deputado da PB diz que Bolsonaro joga povo contra o Congresso e garante: ‘não seremos submissos’

O líder do PL na Câmara, o deputado federal Wellington Roberto, o presidente Jair Bolsonaro age com “segundas intenções” ao propor um acordo de cavalheiros pelo entendimento nacional. Sem acordo sobre o conteúdo da proposta, o Palácio do Planalto decidiu adiar a cerimônia, que estava prevista para a próxima segunda-feira (10), de um protocolo de intenções com a assinatura dos chefes dos três Poderes. O principal motivo do impasse se refere ao formato do documento em defesa das reformas, que, na visão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acabou rotulado como “pauta do governo”.

“O governo quer aparecer como patrocinador da harmonia, mas, na prática, joga a sociedade contra o Parlamento. Nós não vamos ser submissos”, protestou Wellington Roberto.

O texto também sofre resistências de líderes de partidos. Além disso, a participação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tem sido alvo de críticas porque, na avaliação de alguns magistrados, fere a independência do Judiciário. Diante das divergências, o Planalto resolveu suspender, por tempo indeterminado, a divulgação do “Pacto pelo Brasil”, como foi batizada a iniciativa.

Até agora foram redigidos pelo menos dois textos, mas ainda não há consenso sobre os temas a serem tratados ali. O primeiro documento, sugerido por Toffoli, mencionava a necessidade de um “terceiro pacto republicano pela realização de microrreformas estruturais”. A segunda mensagem, fruto do encontro entre Bolsonaro, Toffoli, Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), citava as demandas da população como “o grande farol da democracia”, dizia que os Poderes estão unidos “em favor do estabelecimento de um novo tempo” e destacava cinco pontos considerados prioritários.

Na lista constam a reforma da Previdência – com um sistema “sustentável, eficiente e fraterno” -; a “modernização” tributária, a desburocratização das rotinas administrativas, a repactuação federativa e o combate ao crime – “nas ruas e nos gabinetes” -, à corrupção e aos privilégios.

O trecho do documento que aborda crime de “gabinetes” provocou revolta no Congresso. Nos bastidores, integrantes do Centrão entenderam esse capítulo como mais uma provocação de Bolsonaro à chamada “velha política”, por causa das investigações da Lava Jato.

Na outra ponta, o Planalto passou uma borracha na parte que destacava a importância de um “terceiro pacto republicano”. Motivo: avaliou que era inconcebível apresentar esse acordo como uma continuidade dos outros, de 2004 e 2009, firmados na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje preso. As informações são do Terra.