Deputada paraibana critica o PSB e diz que Câmara está no “fundo do poço” com Cunha

Afastada por quase dois meses da Câmara por problemas de saúde, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) retorna ao Congresso, com duras críticas ao presidente Eduardo Cunha (PMDB) e ao partido ao qual é filiada. Entrevistada pela Carta Capital, ela diz que a reforma política aprovada na Câmara “piora” a estrutura político-partidária atual.

“Não se trata de uma reforma, são remendos na legislação eleitoral, que agravam as distorções. O quadro partidário está exaurido, as legendas perderam sua identidade. A relação entre os poderes está completamente esgaçada. É uma uma crise sistêmica do Estado brasileiro e do sistema político, que necessitaria de uma reforma profunda, democrática e corajosa. Uma das principais causas da corrupção eleitoral é o financiamento privado de campanha e ele não só está mantido, mas passa a ser constitucionalizado. A crise política e institucional é de uma gravidade que eu nunca vi durante o tempo que estou na política”, afirma Erundina, que nasceu em Uiraúna, no Sertão paraibano, mas construiu sua trajetória política em São Paulo.

Sobre Cunha, a paraibana diz que a gestão dele não só influencia no plenário, mas nas comissões, “dominadas por conservadores”. “Os espaços onde conseguíamos interferir não existem mais. Entramos numa fase de resistência. É resistir para não desaparecer. Se chegou ao fundo do poço, mas, sou otimista, dependendo do que a gente faça, do diálogo com a sociedade, com os movimentos. Isso dá vitalidade aos nossos mandatos e a esperança de que essa representação seja uma ferramenta de luta dos trabalhadores”, afirma.

Já em relação ao PSB, ela diz que não se identifica mais com o partido. “Tenho um mandato pelo partido e quero cumpri-lo. Sigo, no possível, as orientações, mas o PSB não é aquele para onde eu migrei. Quando saí do PT, dizia estar mudando de casa, não de rua. A rua é o socialismo, que eu imaginava existisse no PSB. E existiu nas pessoas, em outro momento, mas, sobretudo a partir do segundo turno das eleições presidenciais de 2014, com a mudança na direção, o partido não é mais o mesmo. A fusão com o PPS, sem nenhum critério, a política de alianças, que envolve todo mundo, como os Bornhausen, descaracterizam e comprometem a identidade do partido. Não pode se desvirtuar tanto, senão fica igual ou pior do que aquilo que a gente considera o conservadorismo, o reacionarismo, a ausência de democracia”, avalia.