Demitido da Jovem Pan após polemizar com Bolsonaro, Villa é contratado pela rádio Bandeirantes

O historiador e comentarista político Marco Antonio Villa foi contratado pela rádio Bandeirantes, hoje à tarde, menos de dez dias depois de deixar a rádio Jovem Pan. A informação foi antecipada pelo Notícias da TV e confirmada pela reportagem do UOL.

Villa vai ancorar o jornal “Primeira Hora”, e entrará na programação da emissora das 7h às 8h, diariamente, a partir do dia 15. Há também a possibilidade de fazer parte do “Jornal da Noite”, na TV Bandeirantes, como comentarista, segundo o UOL apurou.

“Eu estou muito feliz e satisfeito com o interesse da rádio Bandeirantes. Muito animado. Passei todo o período acompanhando passo a passo do que está acontecendo no Brasil. É um desafio. Estou animado e com disposição de trabalho”, disse o professor, entusiasmado, por telefone. “Espero que aquelas pessoas que me seguiam, continuem me acompanhando. Eu fiquei muito satisfeito com esse último mês fora do ar, com as manifestações de solidariedade”, completou ele.

Poucos minutos depois, já em sua primeira participação na rádio Bandeirantes, Villa recebeu as boas vindas de colegas e celebrou o acordo.

“É um prazer trabalhar na rádio Bandeirantes. Sou ouvinte desde os anos 1960, sempre acompanhei o trabalho da rádio. É um desafio e uma alegria ter vocês como colegas”, afirmou ele, durante participação no programa “Bastidores do Poder”. (Assista ao vídeo abaixo, a partir do trecho 1h21min)

Em seguida, Villa fez críticas ao governo Bolsonaro, citou a “herança maldita deixada pelo PT” e elogiou Henrique Meirelles como ministro da Fazenda no governo Temer.

Ao UOL, o comentarista disse que somente a partir da semana que vem terá mais detalhes do formato do jornal que irá comandar. “Na semana que vem terá uma série de reuniões para acertarmos e afinarmos as coisas. Mas eu estou animado com esse novo desafio”, comemorou Villa.

Críticas, suspensão e saída da Jovem Pan

A saída de Villa da Jovem Pan foi conturbada.

Às vésperas da manifestação pró-governo, ocorrida em maio, Marco Antonio Villa disse no “Jornal da Manhã” que “atos neonazistas [aconteceriam] no dia 26” (Assista abaixo). Dois dias depois, a emissora comunicou Villa de sua suspensão por 30 dias. Nos bastidores, a declaração foi citada como estopim para a decisão da direção.

Inicialmente, a Jovem Pan informou que Villa havia tirado férias, o que logo foi contestado pelo professor. “De férias eu não estou. Nunca tirei férias, não seria agora com essa situação do país que tiraria.”

Após quatro anos e meio de serviços prestados à emissora, Villa citou a frustração em ter que deixar a rádio “dessa forma”.

“Fiquei entristecido com a minha saída, gostava muito de trabalhar lá, mas infelizmente acabou dessa forma, que não era a melhor forma que eu queria que terminasse essa relação. Eu fiz de tudo para ter uma saída elegante, não queria sair batendo a porta”, avalia ele.

Na ocasião, Villa contou que já havia sido sondado por duas empresas, TV e rádio, uma delas era a rádio Bandeirantes. “Mas prefiro não me adiantar. Tenho contatos, tenho conversas”.

https://twitter.com/i/status/1130521803351367680

Crítico feroz de Bolsonaro

Crítico feroz do governo Bolsonaro, Villa afirmou que as suas análises sempre incomodaram. “Eu sempre tive a postura crítica em relação aos quatro últimos governos: Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Isso incomoda o nosso poder. O poder nunca gostou de críticas”, prossegue.

Embora mantenha críticas ao governo de Jair Bolsonaro, o comentarista político não soube dizer se o atual presidente foi quem pediu o seu afastamento. “Seria leviandade da minha parte dizer que ele teve um dedo nessa história. Não posso dizer que ‘sim’, nem que ‘não’. Seria uma irresponsabilidade”, avalia.

“Não é agradável o que eu estou passando, não sou moleque, tenho história, compromisso com a história. Mas como diz o poeta: ‘tenho que manter a espinha ereta e o coração tranquilo’. Não me dobro aos poderosos”, disse, na ocasião.

Através de comunicado lido por Felipe Moura, diretor de jornalismo da Jovem Pan, a rádio informou que o presidente Bolsonaro nunca pediu a cabeça de ninguém na empresa.

“Antes de continuarmos com o programa, um breve esclarecimento institucional: blogueiros sujos publicaram na internet que o presidente Bolsonaro mandou e a Jovem Pan demitiu o historiador Marco Antonio Villa. O Grupo Jovem Pan informa, nesta terça-feira, 28 de maio de 2019, que são duas fakes news: Villa, nesse período que compreende semanas de maio e junho, está de férias, e Bolsonaro nunca pediu ‘cabeça’ de qualquer profissional da empresa”, disse Moura no programa “Os Pingos Nos Is”. Com informações do UOL.