Opinião: Debandada do PT, surpresa e frustração para quem ainda ficou no partido

Um grande golpe. Talvez seja isto que tenha acontecido durante esta quinta-feira (17) ao PT da Paraíba. Uma quinta que está longe de terminar. Isso porque a legenda perdeu não apenas o prefeito da Capital paraibana, algo conquistado pela primeira vez na história do partido, que sempre foi coadjuvante no cenário político paraibano.

Além de Cartaxo, outras figurinhas do PT também anunciaram desfiliação: o vice-presidente da Câmara de João Pessoa, Benilton Lucena; o secretário de Articulação Política de João Pessoa, Adalberto Fulgêncio; presidente do Diretório da Capital, Lucélio Cartaxo e o vereador Bira. Todos seguirão para o PSD. Já o vereador Fuba anunciou que só se pronunciará nesta sexta-feira (17), após reunião da Executiva estadual do PT.

Mas nem todos que defenderam Cartaxo de peito aberto decidiram abandonar suas histórias e ideologia partidária. O deputado Anísio Maia, maior convicto e entusiasta na gestão petista na Capital, teve sua maior frustração. Mas foi ponderado, algo muito raro no comportamento incendiário dele. “Eu não posso deixar o partido que eu fundei aqui na Paraíba”, falou em entrevista a uma rádio de João Pessoa, com a voz embargada de quem vê o sonho petista de administrar a prefeitura mais importante do Estado se esvair pelos dedos, sem nem ter o direito de concluir o tempo regimental de um mandato eletivo.

A Anísio, que defendeu até o indefensável sobre Cartaxo, restou apenas o comunicado da desfiliação do colega uma hora antes da coletiva de imprensa.

Mas sempre dizem que amor de verdade se prova. Os relacionamentos amorosos, por exemplo, sofrem sequencialmente por altos e baixos e ainda assim, muitos são “infinitos enquanto durem”. Para Cartaxo, o amor de 20 anos com o PT acabou.

Diante dos escândalos do Petrolão e com o aumento da impopularidade da presidente Dilma Rousseff, ele decidiu não ter sua imagem maculada por algo que, de acordo com ele, “não teve nenhuma participação”. É… o amor acabou.

À população, a explicação dada é a que o PSD é um espaço no qual Cartaxo terá mais perspectivas de alianças e porque, nacionalmente, é um partido aliado à presidente Dilma. Mas todos sabem que dissidência em partidos é algo bastante comum e aqui na Paraíba, o PSD tem como carro-chefe o deputado federal Rômulo Gouveia, que é aliado de Cássio Cunha Lima (PSDB) e adversário do governador Ricardo Coutinho (PSB).

E sobre a aliança com o PSB? Cartaxo já “tranquilizou” a todos. “Nós não estamos excluindo ninguém do nosso projeto. Apenas dizendo que João Pessoa está acima de qualquer coisa. Nós vamos tratar de eleições no próximo ano, não vamos atropelar o calendário eleitoral”, esclareceu durante coletiva.

Agora, só o tempo dirá se a população entenderá as mudanças do seu principal gestor em 2016.